Finalmente, foram hoje destruídas
as escutas que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em decisão
solitária que a lei lhe consente, tomou em oposição ao que julgou um juiz do
Tribunal de Aveiro, porque, simplesmente afirma, não têm interesse nas partes
que dizem respeito ao ex-Primeiro Ministro José Sócrates.
Fica um amargo na boca e
um vazio no estômago ao ver destruídas as escutas da polémica que no julgamento
“face oculta”, recém decidido, também originaram reclamações por exclusão,
decidida pelo Procurador Geral da república, das partes correspondentes a
conversas que envolvem um dos condenados e, como seria inevitável, José
Sócrates.
Se tais escutas,
recolhidas com um determinado critério de esclarecimento de crimes envolvendo tráfico
de influências e que faziam parte de um processo em que foram integradas com
outras que o tribunal apreciou, que significado terá retirar de um todo,
supostamente coerente, uma parte em que um julgamento individual que não tem de
se explicar se sobrepõe ao de um tribunal que tem de justificar publicamente as
decisões que toma?
Já é velho o ditado que
diz que “à mulher de César não basta ser séria porque também deve parece-lo”,
mas nem por isso passa de moda e até se enquadra muito bem nestas atitudes que
em nada ajudam a pouca credibilidade que a Justiça Portuguesa, infelizmente,
tem.
Haveria, por certo, algum
modo de evitar as dúvidas que todos sabemos serem muitas sobre o rigor da
decisão tomada.
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