ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

AS ESCUTAS DESTRUÍDAS E A MULHER DE CÉSAR

Finalmente, foram hoje destruídas as escutas que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em decisão solitária que a lei lhe consente, tomou em oposição ao que julgou um juiz do Tribunal de Aveiro, porque, simplesmente afirma, não têm interesse nas partes que dizem respeito ao ex-Primeiro Ministro José Sócrates.
Fica um amargo na boca e um vazio no estômago ao ver destruídas as escutas da polémica que no julgamento “face oculta”, recém decidido, também originaram reclamações por exclusão, decidida pelo Procurador Geral da república, das partes correspondentes a conversas que envolvem um dos condenados e, como seria inevitável, José Sócrates.
Se tais escutas, recolhidas com um determinado critério de esclarecimento de crimes envolvendo tráfico de influências e que faziam parte de um processo em que foram integradas com outras que o tribunal apreciou, que significado terá retirar de um todo, supostamente coerente, uma parte em que um julgamento individual que não tem de se explicar se sobrepõe ao de um tribunal que tem de justificar publicamente as decisões que toma?
Já é velho o ditado que diz que “à mulher de César não basta ser séria porque também deve parece-lo”, mas nem por isso passa de moda e até se enquadra muito bem nestas atitudes que em nada ajudam a pouca credibilidade que a Justiça Portuguesa, infelizmente, tem.
Haveria, por certo, algum modo de evitar as dúvidas que todos sabemos serem muitas sobre o rigor da decisão tomada.


Sem comentários:

Enviar um comentário