No poder não deve haver vazios.
Por isso não há tempo para chorar o rei que se finou quando é tempo de aclamar
o que acaba de lhe suceder.
E ontem foi a festa da
coroação de António Costa, no dia em que Seguro “acabou”.
Foi uma ruidosa festa de
amigos que se regozijaram como se tivessem eleito um Primeiro-Ministro. Eram, para aí, uns duzentos mil, pouco mais do que uma gota num universo de mais
de sete milhões de eleitores ou mesmo, se preferirmos, dos cerca de três
milhões que habitualmente se dispõem a votar. Mas foi, mesmo assim, um acontecimento
importante em momento em que mudar de vida é a inevitabilidade que a vida que
levamos nos impõe.
Obviamente que, não
correndo eu por tachos ou favores com que este ou aquele me possa regalar, não
vejo na simpatia do sorriso de uns ou de outros a razão para qualquer
preferência porque o meu desejo apenas pode ser que o meu país seja, se não bem,
pelo menos melhor governado. E se, para isso, a vitória de Costa contribuir,
tanto melhor.
Não que me tenha
apercebido, ao longo da campanha, serem preocupação sua muitas das questões que
considero essenciais resolver para que Portugal progrida de um modo sustentado
e justo, como é importante que passe a acontecer pois temos problemas muito mais
sérios do que aqueles pelos quais é vulgar ouvir condenar e querer derrubar o
Governo, mas porque talvez esta mudança leve o Governo a sentir necessidade de
olhar com mais atenção para certos problemas nos quais se tem descuidado.
Continuo sem qualquer
esperança no que o “socialismo do PS” nos possa trazer de melhor, pois não
acredito nos milagres da falsa abastança que já faliu Portugal por mais de uma
vez e porque, para além disso, há muito mais trabalho para fazer do que
benesses para distribuir ou regalias para dar ou para repor num país que ganhou
o mau hábito de gastar muito mais do que aquilo que produz.
Toda esta longa crise já mostrou
como fomos descuidados ao longo de muitos anos, como vivemos de quimeras
fantasiosas que nos afastaram da realidade onde há trabalho importante para
fazer sem haver muito quem queira fazê-lo, porque todos temos o direito a ser
doutores. Pois que o sejamos nos conhecimentos que o aproveitamento dos recursos do país necessitar porque um doutor será, por certo, mais produtivo
na apanha de azeitonas ou de pêras, por exemplo, do que um não doutor qualquer
que venha lá mais do leste.
Há um país para ordenar,
muitos recursos para aproveitar que nos devem preocupar bem mais do que os
negócios da bolsa nos quais nada de substancial se produz, onde há “ganhos” por
nada que se tenha feito, onde se acumulam fortunas que não correspondem a
preocupações com problemas por resolver ou a suor pelo duro trabalho que se
faça.
Quais serão os efeitos dos
resultados de umas “eleições primárias” que pouco ou nenhum sentido fazem na
nossa lógica eleitoral é o que veremos daqui para a frente.
Mas tenho pena de que pelo
caminho tenham ficado ideias de alterações que valeria a pena aprofundar.
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