Um
texto em que, no título, se questiona “quais
são, afinal, os limites do crescimento?”, e tem como o subtítulo “das
profecias do apocalipse ambiental ao futuro ecologicamente sustentável, o autor
afirma que “Após a publicação do
Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”) e da Agenda 21, e com o
desenvolvimento sustentável celebrado nas conferências do Rio de Janeiro – 1992
e 2012 (Eco-92 e Rio + 20) é possível afirmar que, segundo a leitura dominante,
não há limites para o crescimento, tanto na esfera económica quanto
tecnológica. O “crescimento zero”, preconizado no “Limites do Crescimento”, deu
lugar ao “desenvolvimento sustentável”, que emerge a partir do “Nosso Futuro
Comum”.
Curiosamente,
o trabalho de um autor de um país em vias de desenvolvimento (é da maior
importância esta nota) conclui que “Segundo
os preceitos actuais da ONU e demais organismos internacionais, há que se estimular
o desenvolvimento, desde que seja sustentável” concluindo que “É possível
afirmar que a economia venceu a ecologia!”.
Desde
logo, torna-se evidente a confusão deliberada entre crescimento e desenvolvimento
que não são, de todo, conceitos iguais ou, sequer, comparáveis porque envolvem “dimensões”
distintas, meramente quantitativas no crescimento económico e qualitativas
quando se trata de desenvolvimento, para além da condição de sustentabilidade
que introduz no “desenvolvimento” que considera alternativa ao “crescimento zero”
do famoso relatório do Clube de Roma.
Aliás,
estes são os “arabescos” de linguagem de que se servem os que, apesar das
graves consequências já cientificamente reconhecidas, não dispensam o
crescimento económico como via para alcançar os seus objectivos de posicionamento
na economia global, sobretudo nas “economias emergentes” que se julgam com
direito a alcançar os níveis dos que consideram mais evoluídos e, deste modo,
reclamam o seu direito à sua quota-parte de causar os problemas que a Ciência
considera serem razão muito forte de medidas urgentes de contenção.
Para
lá de outras consequências que, na altura, a equipa do MIT dirigida pelo Prof
Meadows não considerou, como as mudanças climáticas e a contaminação alimentar
e que reforçam a necessidade do controlo que se tornou inevitável, a observação
ao longo de 30 anos torna claro que as tendências então detectadas não sofreram
alterações significativas, como mostra a Figura 1, e investigadores da
Universidade de Melbourne, Austrália, alongaram até ao presente que já dista
mais de 40 anos das conclusões a que então se chegou.
Tudo
parece apontar para um futuro próximo pouco agradável que pode ter o seu apogeu
entre 2030 e 2050, considerando os efeitos de algumas medidas retardadoras entretanto
tomadas.
Os
investigadores australianos são peremptórios na previsão de um próximo início
do colapso que já não será evitável, o qual pode ter já começado com esta crise
de crescimento à qual, desde 2008, os economistas não conseguem dar um fim.
Apesar
de parecerem encorajadores certos indícios que sugerem que o talvez
principal elemento do tipo de crescimento que adoptámos, o petróleo, ainda
existe em quantidades maiores do que as previstas colocando fortes esperanças
em novas descobertas, a verdade é que o “saldo energético” vem decrescendo
muito rapidamente, não passando, agora, de 14% (ver Fig 2 - Associação para o estudo do Petróleo e do Gás), em consequência dos custos crescentes da sua extracção.
A verdade que as observações científicas demonstram destrói todos os argumentos falaciosos, o que mantém infelizmente actuais as conclusões do trabalho de investigação que o Clube de Roma patrocinou, nas quais se
afirma: “Se as actuais tendências de crescimento da população mundial,
industrialização, poluição, produção de alimentos, e o esgotamento dos recursos
continuam inalteradas, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados
algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um
declínio bastante súbito e incontrolável na população e na capacidade
industrial”.
Dos 100 anos previstos passaram já 44 e as circunstâncias podem encurtar ainda mais a distância ao ponto sem retorno para o qual a Humanidade parece encaminhar-se.
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