ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O “PRIMEIRO” DA DESILUSÃO

Assisti atentamente ao primeiro frente a frente entre os dois políticos que dizem disputar entre si o direito a ser o próximo Primeiro Ministro de Portugal.
Não fiquei surpreendido com a pobreza do que disseram nem, infelizmente, desiludido com a falta de dimensão política e de ideias que revelaram, fosse na ingenuidade de um ou no oportunismo do outro...
Ambos, não foram apenas a demonstração simples da incapacidade política que, desde há muito tempo, caracteriza tantos incapazes que nela se refugiaram ou dela se aproveitam, porque podem reclamar os louros de serem os que, na pompa e circunstância de um programa de televisão, a colocaram ao nível da discussão de café de que nunca sai verdade alguma e, muito menos, qualquer solução.
Não me convenceram a defesa de princípios vagos por que um pugnou nem a denúncia de traições que ali veio fazer, como me não entusiasmou o papel de missão salvífica com que outro se apresentou, pois de nenhum deles ouvi uma palavra que pudesse revelar-me estarem certos daquilo de que Portugal precisa para se livrar das grilhetas em que se deixou prender nem de como devolver a este povo infeliz o direito a uma leve esperança de poder ter um futuro tranquilo.
E no entusiasmo que um ou outro possam causar nos milhares que arrebatam nas campanhas que montaram, os acompanham nas arruadas barulhentas que fazem e nas bandeiras que alegremente agitam, os quais não me parece convencerem os milhões que, impávidos, assistem aos tristes espectáculos de rua em que se exibem, nada mais vejo do que a emoção oportunista daqueles que com uma mudança possam lucrar ou o seguidismo cego dos que com ela esperam ver resolvidos os problemas que, por si, nada fazem para resolver.
Não creio que os portuguesas, na sua maioria, não estejam já desiludidos de promessas de galinha gorda que, depois de depenada, mais não tem do que ossos para chupar e se deixem, uma vez mais, levar na conversa dos que apenas disputam o poder sem qualquer rasgo de génio que caracteriza os grandes chefes, os capazes de conduzir um povo ao destino próprio de si, aquele que, pela sua vontade e trabalho, conseguir alcançar. Porque todos já aprendemos, nas dificuldades que temos de superar, que aquilo de que necessitamos não cai do céu nem provém de promessas que nos façam.
Infelizmente, a Comunicação Social vai seguindo e comentando estas manifestações de incapacidade com a leviandade dos que nem imaginam o que, realmente, se está a passar no mundo, tomando mais partido por um do que por outro, talvez apenas pelo hábito que nos impele mais para a troca de erros do que para a trabalheira chata que seria corrigi-los.


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