ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 16 de setembro de 2014

A MUDANÇA

(a propósito das intenções de criação de novos partidos para mudar as coisas ou de revoluções para voltar ao ponto de partida)

Depois de quarenta anos de uma democracia que não encontrou o rumo que lhe permitisse corresponder às expectativas que criou, é natural o desencanto e, mesmo até, o sentimento de revolta dos que entendem estar na hora de uma mudança que trave o caminho perigoso que temos percorrido até esta cada vez maior insatisfação que vivemos.
Não é fácil, nunca o foi, desbancar os poderes instalados, fundados em interesses poderosos que sempre aparecem e se tornam a cada dia mais robustos seja o regime qual for, porque não há ideais tão fortes que sejam capazes de controlar as ambições pessoais e de grupo que os egoísmos sempre fazem nascer.
Perdurou tempo demais a ilusão criada pela “Revolução dos Cravos” cujo deslumbramento lhe não permitiu aperceber-se da realidade dos interesses que se foram instalando e dos abusos que foram praticando, entender a perversão de ideais que aconteceu, compreender as mudanças que tiveram lugar por todo o mundo e, por tudo isto, não se deu conta da realidade nova que o tempo foi gerando e torna obsoletas as soluções em outras condições encontradas.
Não será com oportunismos nem com ingenuidades e, muito menos, com regressos ao passado que o “processo de degradação em curso” será travado, que um novo caminho será traçado e percorrido, porque apenas o entendimento da nova realidade permitirá o modo de viver que ela consente.
Infelizmente, o que se passar em Portugal, seja pelas manobras políticas de Marinho Pinto, pela ingenuidade e voluntarismo de José Cid e seus amigos ou pelas ideias revolucionárias de Otelo, não passará de uma insignificância num mundo carregado de problemas que vão lançando a Humanidade no caldeirão fervente de um conflito global do qual ninguém sairá vencedor.
A política não pode continuar fechada sobre si própria deixando o mundo ruir à sua volta para depois, a correr, tentar remediar os males que deixou acontecer e, até, os que muitas vezes causou. Nem no mundo nem em Portugal onde os problemas crescem como cogumelos venenosos que nos vão arruinando a vida.
Uma mudança é precisa. Mas uma mudança reflectida, bem pensada.


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