Adriano Moreira,
discursando na Escola de Quadros do CDS/PP, desafiou os jovens centristas a
fazerem um manifesto à ministra das Finanças a lembrar que o fundador da
nacionalidade, D. Afonso Henriques, não pagou ao Papa as onças em ouro que lhe
prometeu. Continuou dizendo que "Acentuou-se a circunstância que há desde
o começo da nacionalidade de que o país precisa de um apoio externo. Precisou
logo da Santa Sé, D. Afonso Henriques. Prometeu ao Papa, de quem era súbdito,
de que pagaria seis onças de ouro, quatro onças de ouro por ano, e o cronista
diz que nunca pagou, por muito bem lembrado. Não sei se podem escrever algum
manifesto à ministra das finanças sobre D. Afonso Henriques".
Mais acrescentou que “aquilo
que impede o consenso são os incitamentos à separação entre portugueses, sobretudo
entre ricos e pobres, argumentando que estes precisam de ‘pão na mesa e
trabalho’".
Tem toda a razão quantos
aos incitamentos a que se refere mas, francamente, não me revejo nestas
atitudes de rebeldia do D Afonso Henriques que hoje não me parece fazerem
sentido nem bato palmas a quem diz o trivial que é “os portugueses precisam de
pão na mesa e de trabalho”, uma coisa da qual, afinal, todos precisamos e é
obrigação de cada um de nós garantir.
Mas o que quererá o
Professor dizer com tal lugar-comum? Que deve haver que lhes ponha pão na mesa
e lhes garanta trabalho com direitos, como dizem os sindicalistas, ou que haja quem
lhes fale da iniciativa de trabalhar e de cuidar dos seus?
A vida, por certo, lhe
mostrou que não é assim, porque ninguém nunca faz por alguém o que ao próprio
compete fazer.
Quanto ao “pão” não sei se
está a lembrar-se dos menus “simples e frugais” da cantina dos deputados na AR
e se quanto ao trabalho se terá lembrado da dificuldade que se tornou corrente de
arranjar quem, por exemplo, apanhe as azeitonas que fazem o nosso maravilhoso e
premiado azeite, apesar dos mais de 14% de desempregados deste país. Ou serão,
os búlgaros que vêm até cá fazer tais serviços, menos dignos do que os “lordes”
portugueses que preferem receber subsídio de desemprego?
Será um país equilibrado e
com futuro aquele onde o trabalho fora de uma secretária ou o transporte que
não seja num carro topo de gama e com condutor não é digno dos portugueses que
precisam de pão na mesa?
Eu diria, apenas, que os
portugueses precisam de trabalhar de verdade, sem esperar que outros trabalhem
por si e lhes garantam o que só a eles compete garantir!
Nem hoje o Papa espera que
lhe prometam onças de ouro porque prefere a solidariedade que, ao que parece,
aos “jovens quadros” ninguém ensina o que seja!
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