ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 6 de setembro de 2014

ESCUTAS OCULTAS

Depois de cinco anos termina, com as penas que os factos comprovados parecem justificar, o julgamento “face oculta”, um nome que talvez se justifique mais pelo que nele não foi possível esclarecer nas escutas cirurgicamente amputadas que ao tribunal foi permitido considerar.
Obviamente, não poderei fazer juízos de valor em questões das quais não tenho perfeito conhecimento. Apenas sei o que ao cidadão comum fica aparente nas notícias, nem sempre muito claras, que são postas a correr.
De nada mais posso falar para além das sensações que me ficaram depois de um processo em que abundaram atitudes que, pelo menos, me deixam muitas dúvidas no caso das escutas que um juiz de Aveiro validou mas que, em nítido contraste com ele, o Presidente do Supremo anulou por, pessoalmente, as considerar sem qualquer interesse! Não imaginava que era assim que, em Justiça, se julgava, escondendo dos verdadeiros dententores do poder, os cidadãos, as razões do julgamento que se faz.
Sempre ouvi dizer que “porque sim” ou “porque não” são as razões de quem as não tem na atitude prepotente que à Justiça não fica bem.
Mesmo as escutas que, apesar da atitude do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, resistiram à ordem de destruição, foram excluídas por ordem do PGR da altura que, em meu entender, não agiu como mandatário para a defesa dos interesses de todos nós mas como defensor de um princípio que protege os que mais contas deveriam dar pelos seus actos, os que mais responsabilizados deveriam ser pelo que fazem.
Se as intervenções de Sócrates eram ou não relevantes, não me parece que competisse as pessoas singulares julga-lo, mas à Justiça que, é bom que se enfatize, responde perante todos nós!
Assim, por que não foram dadas a conhecer as intervenções de Sócrates nas escutas amputadas será uma pergunta que cada um de nós tem mil razões para fazer e outras tantas para pensar que não cumpriu a Justiça o seu dever de transparência que não deixasse, no espírito dos que serve, as dúvidas profundas que deixou.


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