ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A PROPÓSITO DE GREVES


Apesar de sempre ter sido trabalhador por conta de outrem, nunca concordei com a lei da greve que permite aos trabalhadores faze-la quando, como e pelas razões que quiserem, sem obrigação de justificação alguma ou de uma mediação que tente conciliar as partes, apenas lhes sendo imposto um pré-aviso que nem carece de autorização.
Naturalmente, considero a greve um direito que confere força aos trabalhadores nos seus confrontos legítimos com o capital mas, também, uma atitude particularmente grave pelos efeitos adversos que pode ter sobre os próprios trabalhadores até. Por isso, considero perigosa a falta de outras regras para além do pré-aviso e dos “serviços mínimos” sempre tão contestados.
A greve faz sentido como um confronto de interesses entre as partes em conflito que avaliam os custos financeiros que dela resultam e, em conformidade, decidem entender-se ou não.
Mas o que mais frequentemente sucede não é isso, pois são as greves em que interesses e necessidades sociais são a moeda de troca, sendo os cidadãos comuns mais necessitados os que mais prejuízos sofrem, sem qualquer alternativa para os minimizar.
É o que mostra esta greve de enfermeiros que acontece mesmo enquanto decorrem negociações e, sobretudo, quando um surto anormal de uma doença grave retém, ainda, em cuidados intensivos dezenas de pessoas, para além de outros cuja falta de assistência decerto muito prejudicará ou colocará em risco.
Esta greve parece-me mais uma necessidade de tempo de antena dos sindicalistas da profissão, próprio daquele “em bicos de pés” em que todos andam para terem melhor visibilidade, sem grande respeito pelos interesses comunitários.
Quando, a propósito de justiça tanto de fala de proporcionalidade, que proporcionalidade haverá na justiça de uma greve em que uns poucos prejudicam muitos?
E quando se trata de exigências incumpríveis em face da muito débil situação financeira do país ou por outra razão qualquer, o resultado sempre será o mesmo, dure a greve o que durar, sendo o prejuízo dos que necessitam de cuidados de saúde, tanto maiores quanto mais necessitados.


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