Não
escrevo para ninguém me ler, mesmo sabendo que há quem leia o que eu escrevo. Vejo-o
nas estatísticas que o “blogger” me mostra. Mesmo assim, vou escrevendo simplesmente à guisa
de um diário onde vou registando as sensações que me ficam do que vou sabendo ou
aquilo que me sugere o que à minha volta se vai passando. E à minha volta está
o mundo inteiro que vejo naquele ecrã que está ali junto à parede ou leio neste
pc que, logo pela manhã, me trás as notícias daqui e de dalém, me faz saber o
que disse este ou aquele, enfim, que neste tempos de crise raramente me trás boas notícias ou me
mostra ideias que me agradem pelo que possam transmitir-me, sobretudo quando
leio o que certas pessoas escrevem.
Hoje,
ao abrir o primeiro jornal, o das “notícia ao minuto”, dou de caras com estes
textos em destaque “O antigo Presidente da República, o histórico Mário
Soares comentou, esta terça-feira, na sua coluna de opinião no Diário de
Notícias, o caso polémico da detenção de José Sócrates adiantando que esta foi
feita sob “um anormal aparato fortemente lesivo do segredo de justiça” e
criticando o “espetáculo mediático que a comunicação social tem feito”… “Sábado
o país foi confrontado com um acontecimento que deixou todos os democratas
intensamente preocupados”… “O que foi feito a um ex-primeiro-ministro com um
anormal aparato fortemente lesivo do segredo de justiça não pode passar em vão.
Independentemente do que está em causa e da separação de poderes entre a
política e a justiça”… “Não pode passar em vão o espetáculo mediático que a
comunicação social tem feito, violando também ela o segredo de justiça ao
revelar factos que era suposto só serem conhecidos quando um juiz se
pronunciasse”.
Com
este advogado de quem não conheço causas fiquei a saber que o segredo de
justiça impõe que os presumíveis criminosos sejam presos em segredo, haja as razões que houver para o modo de o fazer, sobretudo
se for um político porque preocupa os democratas!
Soube,
também, que não pode passar em vão o espectáculo mediático que a comunicação
social tem feito…”. Já o fizera, e de que maneira, naquela faustosa visita de Estado que Soares fez à India onde andou de elefante e mais que?
Não
sei o que pensa fazer Soares quando voltar a ser presidente, provavelmente num
regime presidencialista e absoluto, para castigar estes “malandros” que vivem
de fazer isto mesmo, de que eu nem gosto muito sobretudo pelo modo como conseguem saber certas
coisas que não deviam, muitas vezes até mentiras que, por interesse, alguém lhes impinge.
Mas acontece assim quando as
fontes não são eles mas outros que a lei lhes impõe o dever de preservar. Quem
fez a lei?
Obviamente
que se o preso fosse um cidadão comum, daqueles com quem, pelos vistos, os democratas se não preocupam mas que, mesmo assim, é um homem com família e com amigos
que por ele sentem estima, enfim gente sem a notoriedade de um político como
Sócrates a quem, democraticamente, foi aplicada a lei do país, a comunicação
social talvez dissesse apenas, se alguma coisa até dissesse, que “foi preso um
homem no aeroporto de Lisboa quando chegava de Paris!” E todos passaríamos
adiante na leitura que fizéssemos na diagonal.
Mas
o detido foi Sócrates, um primeiro-ministro arrogante que, depois de
colocar o país na bancarrota e ter pedido o resgate financeiro (que o próprio
Soares tanto insistiu que pedisse) que agora mais dolorosos os efeitos da crise
de civilização que atinge todo o mundo “civilizado”, teve o arrojo de
perguntar “como puderam fazer isto ao
país”?
E
eu pergunto: afinal quem fez o que ao país? Quem o pôs na bancarrota? Quem lhe
está a dar uma triste “lição de democracia”, o regime em que o povo está primeiro e, por isso, a lisura de
procedimentos deve ser a regra?
Ou estarei enganado e a democracia não é igual para todos?
Ou estarei enganado e a democracia não é igual para todos?
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