Há, sempre, mais do que um
modo de ver as coisas, como tão claramente o demonstrou aquela garrafa de
whisky que tanto podia dizer-se meia cheia como meia vazia. E assim parece ser.
Apenas temos de nos impor
o cuidado de não ir longe demais nestas coisas das “metades” para não tirarmos
conclusões erradas à conta de uma matemática que pode ser matreira. É que, não
se alterando uma igualdade quando ambos os membros se multiplicam pelo mesmo
valor, poderíamos, multiplicando por dois, concluir ser uma garrafa cheia igual
a uma vazia! E não é.
É o que me preocupa neste
dia em que dois dos mais controversos e verborreicos políticos deste país se
colocam naquela “metade” que só critica o modo como a Justiça trata Sócrates que,
apesar de ser do modo como trataria qualquer um de nós, vê nisso uma maldade,
uma agressão ao segredo de justiça ou um perigoso desrespeito pelos direitos
humanos, enquanto a outra “metade” fica chocada com o que poderá ter feito alguém
com certos privilégios que o poder lhe concedeu para, como a Justiça diz, ser
suspeito de crimes muito graves que a todos nós prejudicam!
E lá se pode fazer o exercício que pode concluir com uma não verdade.
Mas a questão maior é
esta: terá Sócrates acrescidos os seus direitos por ter sido um governante e, por isso, ter direito a um tratamento especial ou, pelo contrário, ter aumentadas a suas responsabilidades nos comportamentos que deveria ter como
exemplo que não deixa de ser para a “plebe” que governou?
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