A Natureza é isto mesmo,
uma constante mutação que à escala de uma vida nos parece lenta, nos dá a ideia
de que as coisas sempre serão o que são agora, mas que, a uma escala à qual
ainda não conseguimos mais do que ténues abordagens, ela é rápida demais para
ser facilmente compreendida.
Esforçam-se os cientistas
por entender como tudo começou, o que somos e como viemos aqui parar. Mas estão
ainda distantes de satisfazer a sua curiosidade porque de
cada vez que julgam ter uma resposta logo outras a realidade encontrada lhes
coloca. Por exemplo, a confirmação da existência do bosão de Higgs que
explicaria como, através dele, a energia se tornou matéria e fez nascer o
Universo, longe de ser a resposta definitiva que se esperava foi o início de mais uma
aventura para responder às mil questões que levantou. E o que pareceria
ser o culminar da última aventura da ciência humana, a de saber como tudo
começou, afinal nada mais é do que uma enorme página em branco onde tudo ainda
está por escrever.
A pequena areia no fundo
do mar apenas se deu conta das que estão mais próximas de si mas nem imagina,
ainda, qual é a imensidão do oceano que está para além de si.
A Ciência é isto, um
caminho tortuoso e sem fim, dificíl de percorrer, de encontros e de desencontros, de avanços e de
recuos, de incontáveis dúvidas que tornam imperfeito e transitório o
conhecimento. O importante está em constantemente o melhorar e, assim, tentar ir
mais adiante no que se julga saber.
Mas sem ir tão longe nestas
cogitações àcerca do que nos transcende, no reconhecimento da nossa pequenez ou na
procura da nossa própria razão de ser, fiquemo-nos pela modéstia do
reconhecimento de que, mesmo do que mais de perto nos rodeia, é tão escasso o
nosso conhecimento que insistimos em viver o ontem sem cuidar o amanhã que,
seja qual for, há-de vir, apesar da persistente e tonta ilusão de que as coisas não mudam nunca.
Depois da “ciência por
encomenda” que pretendeu, inutilmente, contrariar as evidências das mudanças de
que a Ciência já se dera conta para, com isso, proteger os interesses que uma
passada realidade estabelecera, tornou-se inevitável reconhecer que é preciso
percorrer outros caminhos, rejeitar ideias feitas e procurar as soluções que
novos problemas, incluindo os que nós próprios criámos, requerem.
Passados já uns dias
depois da dramática comunicação do Presidente da ONU sobre a urgentíssima
necessidade de evitar a tragédia ambiental para a qual o modo como vivemos rapidamente
nos encaminha, não me dou conta de quaisquer preocupações dos políticos que
continuam, na sua lenga-lenga do crescimento económico a lutar contra os fantasmas
de uma crise sem solução por tal via.
A verdadeira austeridade bate-nos à porta, mas continuamos à espera do maná que cai do Céu.
É, pois, uma crise de
entendimento e de temeridade esta que, a cada dia que passa, a nossa ambição
teimosa mais agrava!A verdadeira austeridade bate-nos à porta, mas continuamos à espera do maná que cai do Céu.
Sem comentários:
Enviar um comentário