ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

FINALMENTE, A REVOLTA DA JUSTIÇA?


A menos aqueles chavões que inculcam ideias feitas nas cabecinhas menos prevenidas que, por isso, as aceitam como inquestionáveis verdades, não haverá já grande coisa em que alguém acredite realmente.
Neste “salve-se quem puder” que os restos de uma civilização em avançado processo de decomposição inspira, reforçam-se as “precauções” de quem pensa que arrecadando fortunas se põe a salvo das borrascas que se aproximam. Talvez nunca alguém lhes tenha dito que o dinheiro de nada serve na cova. E lá vão vivendo na ilusão.
Sem ir longe numa reflexão que seria longa demais, fiquemo-nos pelas coisas mais caseiras que, mesmo na escala de um país pequeno, podem ser uma amostra significativa de um estado de espírito global próprio do tempo que vivemos: Os ratos, assustados, abandonam o navio, mas os oportunistas não o deixam sem, antes, tentarem recolher todos os proveitos a que a confusão geral lhes permita deitar mão.
De que lhe servirão depois não sei, mas é assim que acontece.
Sem compreender tanta coisa mal esclarecida no processo Casa Pia que parece ter deixado de fora alguns que parecem tão culpados como os que foram condenados, ainda mal refeitos do escândalo asqueroso e dos prejuízos avultados provocados por uns quantos notáveis através do BPN que um regulador apático terá deixado à solta, duvidosos da verdade que o julgamento do caso Alcochete acabou por aceitar, além de outros casos em que o poder estabelecido parece ter ido além das marcas sem que a Justiça o condenasse, cai-nos em cima o escandaloso e brutal caso da falência do BES ou do GES, que importa, e, como se tal fosse pouco, o quase inacreditável caso dos vistos gold dos quais figuras bem situadas na estrutura do poder se terão aproveitado para “fazer uns cobres” e lesar a todos nós que somos o já quase falido “banco” do Estado.
É nesta altura que me lembra o velho dito “ajuda o pai que é velho!”
De tudo isto e porque não acredito que as coisas fiquem por aqui depois do ponto a que chegaram, só “o que mais me irá acontecer” parece ser o receio razoável que uma actuação finalmente firme da Justiça poderá atenuar.
Os resultados das audições da “turma dos vistos gold”, com medidas de coacção pesadas, além de algumas condenações como no caso “face oculta” aconteceram, talvez indiciem procedimentos mais decididos do que os que permitem a tanta gente andar à solta sem o merecer.
Deixa-me muito curioso e expectante esta declaração do advogado de defesa do que, no caso dos vistos gold e por ora, parece ser o mais responsável: "há um tempo certo para falar e sítios próprios para o fazer. Para a defesa, este tem sido e continua a ser o tempo de falar apenas e só no processo" e "o ruído, as palavras fora do processo, especialmente as cirúrgicas e as distorcidas, não atraem a defesa", acrescentando, também, que "além de ser ilegal e repugnante, pode servir apetites, agendas ou interesses, mas não serve nem os interesses do Direito nem os da Justiça".
Será que vai começar a desenrolar-se o novelo que mostrará, finalmente, os podres desta classe de políticos que a liberdade, distraída, escolheu?
Em face do que a Justiça tem deixado para trás, será razoável ter alguma esperança?

Só o futuro o dirá.


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