ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

AS MARÉS DO NADA


Num país onde a política nada mais é do que uma feira de vaidades ou de um leilão de oportunidades que tantos tentam agarrar, todos andam em bicos de pés na tentativa de sobressair dos demais que, também como eles, estão sempre desejosos daqueles minutos de fama que lhes podem render os proveitos que desejam.
E quando o momento acontece, têm já pronto o seu discurso de crítica maldizente que vai ao encontro da multidão que em tudo vê reprováveis propósitos, más soluções e fontes de mais desgraças, pois não é a louvar o que outros façam que mostram como são os mais capazes.
São discursos formatados onde as frases feitas se ligam por outras muitas vezes ditas também. São ataques iguais a tantos outros que vão no sentido que está mais na moda, pois é dos livros que se não avança remando contra a maré! São discursos estéreis como um pano seco do qual, por mais que se esprema, nada escorre.
Foram já muitas as marés que vi subir e baixar, desde aquelas primeiras em que, na esperança de um país novo, todos queriam participar até às que, aos poucos, perderam o interesse para a maioria que, infelizmente, já descrê que haja mudanças que valham a pena porque a charanga, mais ou menos desafinada, toca sempre a mesma moda.
E vejo um país sem ideias e sem rumo, onde mudar, simplesmente mudar, é a solução porque outra não há nas cabecinhas ocas incapazes de pensar para além dos seus interesses que não vão além dos lugares e das situações que os privilegiam nesta terra de oportunistas e de acomodados!
É por isso que o dizer mal dos outros basta para que o maldizente pareça melhor e, portanto, o que se deve preferir. É esta a solução que a democracia sempre tem para os que esperam que ela lhes dê o que só o esforço a que se negam lhes poderia dar. 
E vão mudando na vã esperança de que um milagre aconteça…
É assim num país que se não rege por propósitos bem definidos, que já se esqueceu de si próprio e não sente a necessidade de avaliar as ideias de quem diga ser melhor ou não ser tão mau como o outro, porque ele próprio é um país que ideias não tem.
Então, como vai ser o futuro de um país assim?


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