São tantas e tamanhas as
trapaças que por aí acontecem, desde o BPN ao BES, aos Vistos Gold e outras ainda,
que mais parecem uma maldição que os deuses do Olimpo lançaram sobre este país
de uns tantos oportunistas e de muitos trouxas que bem justificam que se diga
que “em terra de cegos quem tem um olho é rei”!
Nunca será demais
reconhecer que pertenço ao grupo dos trouxas, dos que esperavam que, um dia,
alguém retirasse a mordaça que impedia que mentes brilhantes se expressassem e partisse
as amarras que tolhiam a criatividade de tantos génios que poderiam fazer de
Portugal um exemplo para a Europa e para o mundo. Era o meu sonho de acabar com
a opressão de um povo que só por muito esforço e trabalho podia sobreviver e
progredir.
Tinha-me esquecido do que
antes acontecera, da rebaldaria que este país de republicanos fora nas lutas
constantes pelo poder que o colocaram pelas ruas da amargura. Porque não vivi
esses tempos nem deles claramente me falava a História que me foram impingindo,
não os avaliei devidamente nem deles pude deduzir o tamanho dos estragos que as castas sedentas de poder podem fazer na vida de todos nós.
A Revolução de Abril tirou
mordaças, partiu amarras mas, com isso, pouco mais libertou, se alguma coisa
mais, do que o oportunismo dos que mais cedo acordaram e apanharam todos os
demais ainda a dormir o sono dos justos que o Estado Novo lhes induziu. Disso se aproveitaram para se fazerem senhores e acumularem riquezas, para se
aclamarem os novos reis e ganharem poder mas que, afinal, o tempo acaba por mostrar o que, realmente, são, pois não conseguiram passar do que, exactamente, antes eram.
O que agora acontece não passará da versão moderna dos oportunismos e das ambições de outrora, mas desta
vez sem os rasgos de idealismo que, então, um ou outro bem intencionado ainda
revelava.
Vejo-o na sucessão de “operações”
que não param de acontecer, desde “Alcochete” ao “apito dourado”, da “face
oculta” ao “labirinto” e tantos outros onde a corrupção e os demais crimes que,
habitualmente, a acompanham são a razão de ser maior de uma certa classe, até
agora bem sucedida, que a revolução consentiu que ganhasse um estatuto de gente
de bem que, afinal, não é.
Alguns começam a ser
condenados. Apenas uns poucos ao pé dos muitos que as malhas de uma Justiça
temerosa já deixou passar.
Veremos por quanto mais
tempo ainda teremos a paciência ou a estupidez de esperar pelos milagres que
nos prometem, antes de nos apercebermos de que será, mesmo e apenas, com muito esforço e
trabalho que poderemos sobreviver e progredir.
Repete-se o drama e, com ele, a condenação de mais uma travessia do deserto, sem um bilha de água fresca que seja porque a que havia se partiu. E não há Santo António que a conserte!
Repete-se o drama e, com ele, a condenação de mais uma travessia do deserto, sem um bilha de água fresca que seja porque a que havia se partiu. E não há Santo António que a conserte!
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