ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

QUESTÕES DE COMUNICAÇÃO


Por mais que o tente, não consigo deixar de olhar certa comunicação social oportunista como uma excrescência da sociedade que diz servir.
Uma razão muito forte me parece que a guia, os resultados financeiros que alcancem os próprios media ou quem neles diz informar, seja pelo sensacionalismo que o que publica possa despertar, pela coscuvilhice que pode satisfazer ou pelos interesses que, consciente ou inconscientemente, serve.
Cada vez menos faço fé na maior parte daquilo que leio ou oiço porque os grandes jornalistas, aqueles para quem informar ou dar a conhecer são coisas muito sérias que exigem muito trabalho de reflexão e de investigação, são cada vez mais raros. Estes escrevem os seus trabalhos com cuidado e com respeito por si próprios e pelos seus leitores, não indo além daquilo que, com razoável objectividade e certeza, possam dizer, mesmo quando o oportunismo, o sensacionalismo ou outros valores que não os do jornalismo com ética são, com toda a certeza, tentações que enfrentam.
A notícia na hora que uma dica intencional ou uma preconceituosa impressão inspiraram é, nestes tempos, a mais lida ou ouvida, mesmo que não seja mais do que o rumor que alimenta boatos que sempre são aproveitados por alguém que mais pudor não tem no seu uso do que quem a escreveu.
É a liberdade mal concebida pelos que não se respeitam nem respeitam os outros, como é, também, a cegueira oportunista e leviana dos que se deixam levar sem notarem como são usados por outros ou pelas circunstâncias.
É o que penso quando leio a notícia da reportagem de um jornal holandês para o qual uma portuguesa que vivia na Holanda e a quem agora chamam a “noiva portuguesa da jihad” telefonou para contar as razões pelas quais fugiu para a Síria onde é tratada como uma princesa, onde nada lhe falta e, nem sequer, alguma vez ouviu um tiro! E logo um jornal português reage a dizer que já antes publicara aquilo mesmo. É a competição do oportunismo.
E mais vezes ainda a agora “ilustre” portuguesa, tal como outras, telefonará para outros jornais em outras ocasiões para que passem uma mensagem que não é, de todo, a notícia que os “ocidentais infiéis” crêem publicar.
É a inteligência de quem, não tendo os seus próprios meios, coloca os dos seus descuidados “inimigos” ao seu serviço!
Para quem vive as agruras de um mundo cheio de problemas não pode deixar de ser aliciante a hipótese de ser princesa numa terra de paz e de abundância.



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