Por mais que o tente, não consigo
deixar de olhar certa comunicação social oportunista como uma excrescência da
sociedade que diz servir.
Uma razão muito forte me parece
que a guia, os resultados financeiros que alcancem os próprios media ou quem
neles diz informar, seja pelo sensacionalismo que o que publica possa
despertar, pela coscuvilhice que pode satisfazer ou pelos interesses que,
consciente ou inconscientemente, serve.
Cada vez menos faço fé na maior
parte daquilo que leio ou oiço porque os grandes jornalistas, aqueles para quem
informar ou dar a conhecer são coisas muito sérias que exigem muito trabalho de reflexão e de
investigação, são cada vez mais raros. Estes escrevem os seus trabalhos com
cuidado e com respeito por si próprios e pelos seus leitores, não indo além
daquilo que, com razoável objectividade e certeza, possam dizer, mesmo quando o oportunismo, o sensacionalismo ou
outros valores que não os do jornalismo com ética são, com toda a certeza,
tentações que enfrentam.
A notícia na hora que uma dica intencional ou
uma preconceituosa impressão inspiraram é, nestes tempos, a mais lida ou ouvida, mesmo que
não seja mais do que o rumor que alimenta boatos que sempre são aproveitados
por alguém que mais pudor não tem no seu uso do que quem a escreveu.
É a liberdade mal concebida pelos
que não se respeitam nem respeitam os outros, como é, também, a cegueira oportunista
e leviana dos que se deixam levar sem notarem como são usados por outros ou
pelas circunstâncias.
É o que penso quando leio a
notícia da reportagem de um jornal holandês para o qual uma portuguesa que
vivia na Holanda e a quem agora chamam a “noiva portuguesa da jihad” telefonou
para contar as razões pelas quais fugiu para a Síria onde é tratada como uma
princesa, onde nada lhe falta e, nem sequer, alguma vez ouviu um tiro! E logo
um jornal português reage a dizer que já antes publicara aquilo mesmo. É a
competição do oportunismo.
E mais vezes ainda a agora “ilustre”
portuguesa, tal como outras, telefonará para outros jornais em outras ocasiões
para que passem uma mensagem que não é, de todo, a notícia que os “ocidentais infiéis”
crêem publicar.
É a inteligência de quem, não
tendo os seus próprios meios, coloca os dos seus descuidados “inimigos” ao seu
serviço!
Para quem vive as agruras de um mundo cheio de problemas não pode deixar de ser aliciante a hipótese de ser princesa numa terra de paz e de abundância.
Para quem vive as agruras de um mundo cheio de problemas não pode deixar de ser aliciante a hipótese de ser princesa numa terra de paz e de abundância.
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