ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 22 de novembro de 2014

SERÁ QUE, ASSIM, PODEMOS?


O líder daquele novo partido espanhol cujo nome, Podemos, decerto o célebre slogan de Obhama – yes, we can – inspirou, acaba de dizer que “é preciso deixar a ideologia de lado e concentrarmo-nos nos interesses das pessoas”.
Pablo Iglésias, assim se chama o líder, crê que o Podemos poderá ganhar as próximas eleições legislativas em Espanha, acusando a “esquerda” de não ter percebido que era preciso criar algo de novo.
Esforço-me por entender o que o senhor quer dizer mas, decerto por incapacidade minha, não consigo.
Começo por criar a ideia de que ele, como a maioria dos políticos que conheço, confunde ideologia com crença, tal como se confunde ideias dinâmicas, ajustadas à realidade transitória que se reconheça, com ideias feitas que o tempo não afecta e cuja contestação, por isso, se não consente.
Em seguida, a nova estrela da política espanhola fala dos interesses das pessoas e não das suas necessidades e do modo como as satisfazer com os meios dos quais se disponha o que, em meu juízo, é aquilo que a todos os políticos competiria fazer.
Não me vou perder na repetição de tanta coisa que já escrevi sobre a dinâmica do tempo, das alterações a que dá lugar ou da escassez dos recursos necessários à satisfação das necessidades essenciais da Humanidade quando, em nome do crescimento económico, os esbanjamos na satisfação dos vícios que criamos. 
Limitar-me-ei a transcrever uma frase recente do Papa Francisco que alcança, inteiramente, uma ideia que, dos mais variados modos, me não tenho cansado de repetir: “o homem pode perdoar algumas vezes mas o mundo não perdoa nunca”!
Finalmente, não percebi a crítica de Iglésias à esquerda que, segundo ele, não percebeu que “que era preciso criar algo de novo”. Mas o que? Um partido, um discurso diferente ou uma ideologia adequada ao tempo em que vivemos e às circunstâncias que criámos, bem diferentes das que inspiraram as que as “relatividades políticas” cristalizaram sem se dar conta das mudanças que o tempo gerou?
Que mudança terá realizado Iglésias que mais me não parece ser do que a capitalização do descontentamento natural pelos resultados das políticas, desajustadas da realidade, que têm sido adoptadas e do que, por ser apenas isso, outro descontentamento ainda maior surgirá.
Preocupa-me pensar que o mesmo possa acontecer entre nós.
É bem possível que aconteça.


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