O líder daquele novo
partido espanhol cujo nome, Podemos, decerto o célebre slogan de Obhama – yes,
we can – inspirou, acaba de dizer que “é preciso deixar a ideologia de lado e
concentrarmo-nos nos interesses das pessoas”.
Pablo Iglésias, assim se
chama o líder, crê que o Podemos poderá ganhar as próximas eleições
legislativas em Espanha, acusando a “esquerda” de não ter percebido que era
preciso criar algo de novo.
Esforço-me por entender o
que o senhor quer dizer mas, decerto por incapacidade minha, não consigo.
Começo por criar a ideia
de que ele, como a maioria dos políticos que conheço, confunde ideologia com
crença, tal como se confunde ideias dinâmicas, ajustadas à realidade transitória
que se reconheça, com ideias feitas que o tempo não afecta e cuja contestação,
por isso, se não consente.
Em seguida, a nova estrela
da política espanhola fala dos interesses das pessoas e não das suas
necessidades e do modo como as satisfazer com os meios dos quais se disponha o que, em meu juízo, é aquilo que a todos os políticos competiria fazer.
Não me vou perder na
repetição de tanta coisa que já escrevi sobre a dinâmica do tempo, das
alterações a que dá lugar ou da escassez dos recursos necessários à satisfação
das necessidades essenciais da Humanidade quando, em nome do crescimento económico, os esbanjamos
na satisfação dos vícios que criamos.
Limitar-me-ei a transcrever uma frase recente do Papa Francisco que alcança, inteiramente, uma ideia que, dos mais variados modos, me não tenho cansado de repetir: “o homem pode perdoar algumas vezes mas o mundo não perdoa nunca”!
Limitar-me-ei a transcrever uma frase recente do Papa Francisco que alcança, inteiramente, uma ideia que, dos mais variados modos, me não tenho cansado de repetir: “o homem pode perdoar algumas vezes mas o mundo não perdoa nunca”!
Finalmente, não percebi a
crítica de Iglésias à esquerda que, segundo ele, não percebeu que “que era
preciso criar algo de novo”. Mas o que? Um partido, um discurso diferente ou
uma ideologia adequada ao tempo em que vivemos e às circunstâncias que criámos,
bem diferentes das que inspiraram as que as “relatividades políticas” cristalizaram
sem se dar conta das mudanças que o tempo gerou?
Que mudança terá realizado
Iglésias que mais me não parece ser do que a capitalização do descontentamento
natural pelos resultados das políticas, desajustadas da realidade, que têm sido adoptadas e do que, por ser
apenas isso, outro descontentamento ainda maior surgirá.
Preocupa-me pensar que o
mesmo possa acontecer entre nós.
É bem possível que
aconteça.
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