ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O MOTO-CONTÍNUO DA POLÍTICA


Num país de gente tão imaginativa como nós somos, é inevitável que surjam, a propósito do mesmo assunto, as mais variadas opiniões. O que, de todo, me não parece mal. Mal é que se faça a terrível confusão de tomar as opiniões por certezas que não são. E é neste ponto que paramos quando cada um fica na sua, sem aproveitar as hipóteses levantadas para um juízo final feito no confronto saudável dos que, invariavelmente, dizem querer a mesma coisa, o melhor para o país! Mas não me parece que o queiram antes conseguirem o melhor para si.
Assim, ao contrário do que um dito popular afirma, da discussão não nasce a luz mas a intolerância, esse “pecado mortal” que a civilização aprimorou e que divide os que elegemos, em vez os juntar na colaboração que garantiria ao país a melhor governação possível e a nós uma vida mais tranquila.
Por ser assim, a democracia inventou a alternância para que os “bons” possam substituir os “maus” na governação, o que, invariavelmente, acaba por originar outra alternância em que tudo se passa do mesmo modo mas com actores diferentes quando os “bons” voltam a ser os “maus” que, mais cedo ou mais tarde, de novo serão os “bons”. E, assim, a regra de ouro democrática vai satisfazendo uns e outros neste sobe e desce nos cargos que se ocupam e na euforia dos que alcançam a oportunidade de sair da cepa torta em que se encontravam para serem personalidades com poder.
Alguém, um dia, na euforia de uma vitória gritou “jobs for the boys”, num deslize a que o povo chama “fugir a boca para a verdade”, por ser um desabafo que traduz na perfeição a ansiedade dos que fazem fila à porta do poder, tal como aqueles que, na fila para um mictório muito concorrido, esperam que rapidamente chegue o momento do alívio que lhe permitirá não molhar as calças.
Aliás, é do saber público como melhoram as condições financeiras de tantos a quem a passagem por funções politicamente mais destacadas muito alterou profundamente as suas condições de vida.
Por isso, se acelerássemos o ritmo da alternância e fossemos mudando os “artistas” da comédia política, todos teríamos a oportunidade de ficar ricos quando a nossa vez chegasse.
Mas não recomendo esta receita que já teve melhores dias que a dureza da realidade há muito deixou para trás. Agora, o nosso caminho é outro. Apenas ainda nos não demos conta de que já o percorremos!


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