Num país de gente tão
imaginativa como nós somos, é inevitável que surjam, a propósito do mesmo
assunto, as mais variadas opiniões. O que, de todo, me não parece mal. Mal é
que se faça a terrível confusão de tomar as opiniões por certezas que não são.
E é neste ponto que paramos quando cada um fica na sua, sem aproveitar as
hipóteses levantadas para um juízo final feito no confronto saudável dos que,
invariavelmente, dizem querer a mesma coisa, o melhor para o país! Mas não me parece
que o queiram antes conseguirem o melhor para si.
Assim, ao contrário do que
um dito popular afirma, da discussão não nasce a luz mas a intolerância, esse “pecado
mortal” que a civilização aprimorou e que divide os que elegemos, em vez os
juntar na colaboração que garantiria ao país a melhor governação possível e a nós uma vida mais tranquila.
Por ser assim, a
democracia inventou a alternância para que os “bons” possam substituir os “maus”
na governação, o que, invariavelmente, acaba por originar outra alternância em
que tudo se passa do mesmo modo mas com actores diferentes quando os “bons”
voltam a ser os “maus” que, mais cedo ou mais tarde, de novo serão os “bons”.
E, assim, a regra de ouro democrática vai satisfazendo uns e outros neste sobe
e desce nos cargos que se ocupam e na euforia dos que alcançam a oportunidade
de sair da cepa torta em que se encontravam para serem personalidades com poder.
Alguém, um dia, na euforia
de uma vitória gritou “jobs for the boys”, num deslize a que o povo chama “fugir
a boca para a verdade”, por ser um desabafo que traduz na perfeição a ansiedade
dos que fazem fila à porta do poder, tal como aqueles que, na fila para um
mictório muito concorrido, esperam que rapidamente chegue o momento do alívio
que lhe permitirá não molhar as calças.
Aliás, é do saber público
como melhoram as condições financeiras de tantos a quem a passagem por funções
politicamente mais destacadas muito alterou profundamente as suas condições de vida.
Por isso, se acelerássemos
o ritmo da alternância e fossemos mudando os “artistas” da comédia política, todos
teríamos a oportunidade de ficar ricos quando a nossa vez chegasse.
Mas não recomendo esta receita
que já teve melhores dias que a dureza da realidade há muito deixou para trás.
Agora, o nosso caminho é outro. Apenas ainda nos não demos conta de que já o percorremos!
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