Entrou-se numa fase aguda da
luta dos descréditos, do dizer mal e de apontar os erros por uns e por outros supostamente
cometidos, para marcar pontos nestes treinos para a corrida eleitoral que se
aproxima, com o natural propósito de partir no lugar da frente.
E pouco ou nada mais do
que isto acontece neste país que não consegue mostrar que tem ideias nem,
sequer, como seu maior propósito o de se levantar da lama em que caiu porque
está demasiadamente preocupado com o poder que este ou aquele pode exercer
melhor do que os outros. É o contrário do que teríamos de fazer. Mas faz-se assim
no país das romarias e das merendas que, por mais fartas que sejam, sempre
acabam por se esgotar.
Como simples eleitor não comprometido
com quaisquer forças políticas nem com as ideologias tacanhas que não vêem que
o seu tempo já passou, como alguém que, decerto como a maioria de todos nós, mais
não deseja do que ver o seu país bem conduzido na senda de um futuro mais
tranquilo, apenas me resta prestar atenção ao que se passa, escutar as
fantasias barrocas dos que lutam pelo poder para, depois, fazer os meus juízos.
Postos de lado, por
inúteis, os palavreados sonantes inspirados por manuais políticos já bolorentos
e, também, cuidadosamente evitadas as truculências de crónicas e comentários prenhes
de preconceitos ou de interesses pessoais e partidários que não conseguem
disfarçar, fico sozinho com a capacidade que tenha para ajuizar sobre o que
fazer daquele voto onde, em democracia, dizem que está a minha força.
No desasossego da minha
consciência não consigo, para lá das hipocrisias e dos cinismos dos que violentamente
se confrontam, não me preocupar com o modo como por eles se deixam seduzir
tantos desprevenidos que colocam em meras verborreias exaltadas a sua esperança
de um futuro melhor, em vez de fazerem do seu voto a força que apenas uma
consciência esclarecida lhe permitiria ser.
E tenho de questionar a
tal força do meu voto que, afinal, não passa de mais um entre os que o ruído da
confusão inutiliza e, por isso, é nada perante a força dos “negócios” que a
política gera, desde as empresas de sondagens aos comentários em horário nobre,
das tiragens de jornais aos negócios escuros que nos dizem que acontecem, tudo
isto não para benefício dos cidadãos votantes mas daqueles em quem eles votam.
É necessário esperar que a
degradação chegue ao fim para começar de novo? Então, o que restará para
recomeçar?
Em breve o futuro nos
esclarecerá.
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