Ontem,
foi um dia passado a escutar e a ler as mais diversas opiniões e informações sobre
a detenção de José Sócrates.
Parecia
que nada mais haveria para noticiar ou falar e, quando havia, era sempre de uma
forma rápida, fugidia, sem perder muito tempo porque o caso Sócrates não podia
esperar.
Era
uma repetição maçuda das mesmas coisas que davam para todos os gostos. Umas
revelavam amores, outras ódios e raramente, se alguma vez, me apercebi que se
falasse dele com indiferença, mesmo quando a intenção era mostrá-la.
Mentiria
se dissesse que morro de amores por este personagem que, pessoalmente, apenas
conheci de relance numa reunião de professores na UNI (!), a universidade onde
acabei a minha carreira de professor uns anos antes da derrocada que, por
razões que nada tiveram a ver com a sua qualidade académica, infelizmente, se
seguiu.
Como
a maioria de nós, conheci-o melhor enquanto foi primeiro-ministro. Então não foi,
de todo, alguém cujo modo de ser me encantasse, tendo atitudes e tomando decisões
que me deixavam preocupado quanto às consequências no futuro do país.
Eram
erros evidentes, graves demais que se somavam a outros mais antigos, numa
sequência leviana e perigosa num mundo que, a passos largos, se aproximava do
desastre económico do qual ainda não se recompôs.
Mas
mentiria também se afirmasse que me sinto confortável com toda esta barafunda que
a sua detenção está a causar e com esta vergonha pública que, por isso, todos
estamos a passar. Ou não estamos?
Afinal,
uma maioria de portugueses depositou nele a sua confiança para conduzir os
destinos do país e, com isso, o tornou num personagem de topo, alguém que
associava ao seu o nome de Portugal.
Apesar
das muitas controvérsias que gerou, dos diversos casos a que o seu nome foi
associado, do ridículo daquela licenciatura que não foi mas que parece
conservar-lhe o título que ambicionou, pouco tempo se manteve discreto este
homem depois da crise financeira extrema em que colocou o país que, sem
qualquer espanto, o afastou da governação.
Depressa
ressurgiu das cinzas, com vida de fausto e arrogância política, até ao ponto da
reentronização que parecia em curso no partido que António Costa passou a
liderar, dizendo-se, até, que poderia ser o candidato apoiado pelo PS nas
próximas eleições para Presidente da República.
Tornou-se,
também, um notável coleccionador de deferências que o levaram a integrar o
Conselho Geral da Universidade da Beira Interior (?!) e a ter a “chave da
Cidade da Covilhã”.
Mas
há um ditado que diz que “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”.
Agora
o que se seguirá?
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