Falar no orçamento do
Estado está na ordem do dia. Acerca dele se dizem as coisas mais díspares. Que
é bom e que é mau, que é de execução impossível ou problemática e, para lá de
tudo isto, que está contra todos, até o FMI, a Comissão Europeia, a OCDE e eu
sei lá mais quem que têm outras ideias acerca do que venham a ser o crescimento
económico, as receitas dos impostos, os custos da administração e outros
parâmetros que são os que permitem fazer uma previsão do que possa acontecer.
Porque um orçamento não é mais do que isso.
E pelo que leio nas redes
sociais e na Comunicação Social e oiço nos comentários que se fazem seja onde
for, todos têm as suas ideias, menos eu que nenhuma faço do que, brevemente,
possa acontecer.
Creio que nunca um
orçamento terá sido tão difícil de fazer como este que em quase tudo depende de
coisas que aconteçam um pouco por todo o mundo e sobre as quais não temos
qualquer controlo.
Aliás, temos controlo
sobre o que ou a certeza de que?
Saberemos nós se na
próxima semana se iniciará uma guerra violenta na Ucrânia que os tanques de
Putin mais uma vez terão invadido?
Quantos mais escândalos
financeiros ainda irão acontecer em Portugal ou por esse mundo fora?
Irá, por milagre,
reanimar-se a economia europeia e a de outros países que nos compram o que
produzimos?
Não me parece que, tal
como as coisas estão, possamos ter a certeza seja do que for e, por isso, não
sei como, nestas condições, será possível fazer previsões seguras. Melhor, a
única certeza que tenho é que, mal o poder de compra melhora um pouco, aumentam
em cerca de 30% as compras de automóveis novos e as importações depressa se
tornam o triplo das importações. Esta é a maior certeza da economia de consumo.
Muitos realçam e criticam as
rectificações que os últimos orçamentos têm sofrido, assacando ao Governo as
responsabilidades de tal, por incompetência.
Eu penso que não é assim e
fico a pensar qual será o comandante que, no meio de uma tempestade utiliza o
“piloto automático” em vez de proceder, ele próprio, às manobras oportunas que
as circunstâncias lhe façam ver serem necessárias, para manter a sua nave em
segurança.
Há muito que me não dou
conta de orçamentos que não precisem de ser ajustados, tal como este que vai
ser aprovado, mais do que certamente, vai necessitar.
Então, por que andarão
certos políticos a querer-nos fazer crer que não seria assim se fossem eles a
faze-lo se irão, por certo, fazer o mesmo?
Ou será que nos querem deixar
entregues à sorte que pode afundar o barco de vez?
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