ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 2 de novembro de 2014

AFINAL, O QUE FAZ O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO?


Desde a última reforma digna desse nome, feita por Roberto Carneiro enquanto ministro da educação do XI Governo Constitucional que, em Portugal, se não ajusta o ensino à realidade que, constantemente e a ritmo crescentemente acelerado vai mudando. Em vez de melhorado e ajustado às novas necessidades que se revelam, o ensino foi evoluindo como uma manta de retalhos esfiampados que lhe dão o aspecto da confrangedora indigência que apresenta.
Já lá vão mais de 20 anos ao longo dos quais o ensino, em vez de melhorar, continuadamente se desgastou em decisões maioritariamente descabidas, oportunistas, sem interesse ou sem sentido que culminaram na enorme confusão deste ano lectivo no qual, já muito adiantado o primeiro período, a colocação de professores continua incompleta, envolvida em erros e confusões que, em qualquer parte do mundo, teriam ditado a demissão dos responsáveis por este caos que se instalou, que cria enormes prejuízos aos alunos, estraga a vida aos professores e contribui para uma degradação ainda maior deste importantíssimo sector da actividade nacional.
Ninguém naquele gigantesco ministério parece preocupado senão com ridículos pormenores e inoportunas inovações, sem alguém que cuide da inserção das escolas na Sociedade que deve ajudar a evoluir na direcção do futuro que pretende alcançar se, porventura, esse futuro estiver planeado.
Foi-se o ensino transformando num negócio ou em diversos negócios cuja rentabilidade financeira interessa mais do que os resultados educacionais que alcança, os quais, por isso, muito fraca contribuição podem dar para a satisfação das necessidades reais da nossa sociedade.
Perdem-se, sucessivamente, anos preciosos em redundâncias que nada acrescentam à qualidade do ensino que se afadiga a mudar livros, programas, avaliações, professores e até as escolas, num pára-arranca e num faz-desfaz que se tornou a imagem de marca de um dos maiores imbróglios deste país.
O que desejamos do nosso ensino? Como pretendemos que ele seja para formar os cidadãos que renovem a sociedade para que seja como gostaríamos que fosse? Onde estão definidos esses objectivos? Poderão ser encontrados nas verborreicas guerrilhas por questões menores e de curto prazo como são as que constantemente se travam entre o ministério e os sindicatos? Que qualidade tem esta gente que tem nas suas mãos a educação em Portugal, na qual a maior parte das famílias já não participa?
Em vez do balanço que um regime já com quarenta anos deveria fazer no sossego que os actos de inteligência requerem e na boa-fé que o bem do povo exige, travam-se guerras pela conquista apressada do poder, atamancando soluções que mais complicada tornará uma vida já difícil.
Os resultados estão claros nos desajustamentos que um estudo da Organização Internacional do Trabalho revela e dizem que, em Portugal, quase 60% dos portugueses tem qualificações demasiado baixas para a função que desempenham e 4% é qualificado demais para o cargo que ocupa.
“A subqualificação da população activa portuguesa é o principal problema do país” que o abandono escolar precoce mais agrava quando atinge 40%, o dobro da média europeia!
Não seria mais destes problemas que o Ministério deveria cuidar em vez das reformas patéticas que inteligências rebuscadas constantemente imaginam para alimentar a mentira de uma economia falida que cada vez mais tem dificuldade em sobreviver?
A emigração não é causa deste estado de coisas como alguns analistas apressados afirmam, porque não passa da sua consequência como o reconhece a firmação “Este cenário é fomentado por um sistema de ensino que não tem conseguido orientar os alunos para as necessidades de um mercado de trabalho em constante mutação, mais competitivo, que assenta noutras bases de oferta e procura”.

Afinal o que faz o Ministério da educação?


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