Desde a última reforma digna
desse nome, feita por Roberto Carneiro enquanto ministro da educação do XI
Governo Constitucional que, em Portugal, se não ajusta o ensino à realidade
que, constantemente e a ritmo crescentemente acelerado vai mudando. Em vez de
melhorado e ajustado às novas necessidades que se revelam, o ensino foi
evoluindo como uma manta de retalhos esfiampados que lhe dão o aspecto da
confrangedora indigência que apresenta.
Já lá vão mais de 20 anos ao
longo dos quais o ensino, em vez de melhorar, continuadamente se desgastou em
decisões maioritariamente descabidas, oportunistas, sem interesse ou sem sentido
que culminaram na enorme confusão deste ano lectivo no qual, já muito adiantado
o primeiro período, a colocação de professores continua incompleta, envolvida
em erros e confusões que, em qualquer parte do mundo, teriam ditado a demissão
dos responsáveis por este caos que se instalou, que cria enormes prejuízos aos
alunos, estraga a vida aos professores e contribui para uma degradação ainda
maior deste importantíssimo sector da actividade nacional.
Ninguém naquele gigantesco
ministério parece preocupado senão com ridículos pormenores e inoportunas
inovações, sem alguém que cuide da inserção das escolas na Sociedade que deve
ajudar a evoluir na direcção do futuro que pretende alcançar se, porventura, esse
futuro estiver planeado.
Foi-se o ensino transformando num
negócio ou em diversos negócios cuja rentabilidade financeira interessa mais do
que os resultados educacionais que alcança, os quais, por isso, muito fraca
contribuição podem dar para a satisfação das necessidades reais da nossa
sociedade.
Perdem-se, sucessivamente, anos
preciosos em redundâncias que nada acrescentam à qualidade do ensino que se
afadiga a mudar livros, programas, avaliações, professores e até as escolas, num
pára-arranca e num faz-desfaz que se tornou a imagem de marca de um dos maiores
imbróglios deste país.
O que desejamos do nosso ensino? Como
pretendemos que ele seja para formar os cidadãos que renovem a sociedade para
que seja como gostaríamos que fosse? Onde estão definidos esses objectivos?
Poderão ser encontrados nas verborreicas guerrilhas por questões menores e de
curto prazo como são as que constantemente se travam entre o ministério e os
sindicatos? Que qualidade tem esta gente que tem nas suas mãos a educação em
Portugal, na qual a maior parte das famílias já não participa?
Em vez do balanço que um regime
já com quarenta anos deveria fazer no sossego que os actos de inteligência requerem
e na boa-fé que o bem do povo exige, travam-se guerras pela conquista apressada
do poder, atamancando soluções que mais complicada tornará uma vida já difícil.
Os resultados estão claros nos
desajustamentos que um estudo da Organização Internacional do Trabalho revela e
dizem que, em Portugal, quase 60% dos portugueses tem qualificações demasiado
baixas para a função que desempenham e 4% é qualificado demais para o cargo que
ocupa.
“A subqualificação da população activa
portuguesa é o principal problema do país” que o abandono escolar precoce mais
agrava quando atinge 40%, o dobro da média europeia!
Não seria mais destes problemas
que o Ministério deveria cuidar em vez das reformas patéticas que inteligências
rebuscadas constantemente imaginam para alimentar a mentira de uma economia
falida que cada vez mais tem dificuldade em sobreviver?
A emigração não é causa deste
estado de coisas como alguns analistas apressados afirmam, porque não passa da sua
consequência como o reconhece a firmação “Este cenário é fomentado por um
sistema de ensino que não tem conseguido orientar os alunos para as
necessidades de um mercado de trabalho em constante mutação, mais competitivo,
que assenta noutras bases de oferta e procura”.
Afinal o que faz o Ministério da
educação?
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