E, aos poucos, vão desaparecendo figuras marcantes do imaginário televisivo dos mais velhos, personagens que deixaram a marca profunda do seu saber em programas de uma enorme qualidade, como agora é bem raro ver.
Não acredito que tenha passado o tempo dos grandes homens, daqueles que conseguem, pelo que são, distinguir-se dos demais, tal como não acredito que tenha deixado de haver quem goste de os escutar, de aprender com eles.
Mas, infelizmente, do que me dou conta é que passaram a ser em muito maior número os que mais se interessam pelas brejeirices de certos programas que a televisão comercial nos impinge a toda a hora.
O inigualável programa “Se
Bem me Lembro” feito com a voz pausada e de marcado acento açoriano de Vitorino
Nemésio, era dos que que nos fazia mandar calar qualquer ruído à nossa volta
até ele acabar de falar.
José Hermano Saraiva
encantou-nos com o seu jeito único de nos falar das histórias da História, em programas como O
Tempo e a Alma, Gente de Bem, a Bruma da Memória, Histórias que o tempo apagou, Lendas e Narrativas, Horizontes da Memória e
A Terra e a Gente.
Anthímio de Azevedo conseguia fazer de um simples programa de previsão do tempo um momento digno de ser visto e
escutado pois era, para além da informação que dava, uma lição de "meteorologia ao alcance de todos".
Sousa Veloso, no seu modo
simples de falar e de tratar os temas rurais em inúmeros encontros com o campo,
com o que nos dá e com a gente que trabalha a terra, mostrou-nos, ao longo de muitos anos do
seu programa TV rural, uma parte mal conhecida deste país multifacetado que
merece mais atenção.
Depois do desaparecimento de Vitorino Nemésio, de José Hermano Saraiva e de Anthímio de Azevedo, desaparece do nosso convívio, também, Sousa Veloso.
Que todos estejam naquele lugar que aos grandes Homens é devido, um lugar muito especial nos nossos corações.
Assim como nascemos em um momento dado do tempo, é bem provável que devamos também, mais cedo ou mais tarde, morrer. Simplesmente só alguns, poucos, como os que cita, serão sempre recordados porque nunca nos cansávamos de os ver logo que começavam a falar. Agora não é fácil encontrar, entre novos e velhos, quem os possa igualar; a esmagadora maioria, quando começa a falar, torna-se verdadeiramente insuportável, e o drama é que fazer zapping não resolve o problema.
ResponderEliminarAbraço, Joaquim Melo