Recordei aqui, há não
muitos dias, as condições dadas à Alemanha, depois da Segunda Guerra Mundial
que ela despoletou e levou a destruição, a morte e a dor a todo o mundo, para
que o país se pudesse recuperar. Foram condições que souberam separar as culpas
dos políticos belicosos dos direitos do povo que, afinal, foi quem mais sofreu
as suas loucuras. Foram condições humanas que não tornaram mais difícil a vida
de um povo em sofrimento e nem, sequer, tinham por objectivo qualquer “castigo”
que os agredidos pensassem que deveria ser-lhe aplicado.
Foram condições razoáveis
e reveladoras de grande sensibilidade humana como o demonstram os princípios
que as orientaram:
- Perdão/redução substancial da dívida;
- Reescalonamento do prazo da dívida para um
prazo longo;
- Condicionamento das prestações à capacidade
de pagamento do devedor.
Não me parece que tais
condições tenham alguma semelhança com as que agora são impostas a
Portugal num momento difícil da sua vida e depois de violentos sacrifícios já
sofridos pelo seu povo.
A longa discussão nesta
avaliação da Troika, na qual esta se mostrou pouco sensível às razões
apresentadas pelo Governo para o alívio das condições quase desumanas que são
impostas a Portugal, é prova de um estado de espírito que não é, de modo algum,
o de solidariedade que deveria demonstrar quem ajuda, nem sequer leva em conta
o que os líderes das entidades que a Troika representa têm apregoado
relativamente aos malefícios já reconhecidos à excessiva austeridade.
O ministro das finanças
revelará amanhã os resultados conseguidos numa maratona negocial que, dificilmente, se
aproximarão dos que Portugal necessitaria para erguer um pouco a cabeça e
iniciar o processo de recuperação por que ansiamos.
Entende-se que seria
necessário esperar a hora mais conveniente para as exigências que, agora, o
Governo fez e não era a que o PS extemporaneamente exigia, do que agora reclama os louros o tradicional "eu bem dizia". Que desencanto esta oposição que prefere os confrontos da disputa do poder à cooperação que ajude Portugal!
Admito que o Governo se tenha esforçado muito na discussão de procura das soluções de que o país necessita, mas duvido que os resultados conseguidos perante uma Troika pouco sensível aos problemas sociais tenham sido os que, urgentemente, necessitamos.
Admito que o Governo se tenha esforçado muito na discussão de procura das soluções de que o país necessita, mas duvido que os resultados conseguidos perante uma Troika pouco sensível aos problemas sociais tenham sido os que, urgentemente, necessitamos.
Parece-me ser altura de
Portugal exigir, com veemência, dos patrões destes senhores, do FMI, da UE e do BCE, uma explicação que esclareça a relação
entre os princípios que publicamente proclamam e o reconhecimento de maus resultados da política de recuperação seguida com as
atitudes intolerantes destes seus mandatários que talvez devessem substituir.
Amanhã escutaremos o
ministro das finanças e melhor avaliação poderemos fazer do esforço do Governo, da sua
determinação em exigir o respeito que a todos nós é devido e, também, das “concessões”
de uma Troika destituída de princípios de humanidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário