ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 14 de março de 2013

A (IN)SENSIBILIDADE DA TROIKA



Recordei aqui, há não muitos dias, as condições dadas à Alemanha, depois da Segunda Guerra Mundial que ela despoletou e levou a destruição, a morte e a dor a todo o mundo, para que o país se pudesse recuperar. Foram condições que souberam separar as culpas dos políticos belicosos dos direitos do povo que, afinal, foi quem mais sofreu as suas loucuras. Foram condições humanas que não tornaram mais difícil a vida de um povo em sofrimento e nem, sequer, tinham por objectivo qualquer “castigo” que os agredidos pensassem que deveria ser-lhe aplicado.
Foram condições razoáveis e reveladoras de grande sensibilidade humana como o demonstram os princípios que as orientaram:
 - Perdão/redução substancial da dívida;
 - Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo; 
 - Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.
Não me parece que tais condições tenham alguma semelhança com as que  agora são impostas a Portugal num momento difícil da sua vida e depois de violentos sacrifícios já sofridos pelo seu povo.
A longa discussão nesta avaliação da Troika, na qual esta se mostrou pouco sensível às razões apresentadas pelo Governo para o alívio das condições quase desumanas que são impostas a Portugal, é prova de um estado de espírito que não é, de modo algum, o de solidariedade que deveria demonstrar quem ajuda, nem sequer leva em conta o que os líderes das entidades que a Troika representa têm apregoado relativamente aos malefícios já reconhecidos à excessiva austeridade.
O ministro das finanças revelará amanhã os resultados conseguidos numa maratona negocial que, dificilmente, se aproximarão dos que Portugal necessitaria para erguer um pouco a cabeça e iniciar o processo de recuperação por que ansiamos.
Entende-se que seria necessário esperar a hora mais conveniente para as exigências que, agora, o Governo fez e não era a que o PS extemporaneamente exigia, do que agora reclama os louros o tradicional "eu bem dizia". Que desencanto esta oposição que prefere os confrontos da disputa do poder à cooperação que ajude Portugal!
Admito que o Governo se tenha esforçado muito na discussão de procura das soluções de que o país necessita, mas duvido que os resultados conseguidos perante uma Troika pouco sensível aos problemas sociais tenham sido os que, urgentemente, necessitamos.
Parece-me ser altura de Portugal exigir, com veemência, dos patrões destes senhores, do FMI, da UE e do BCE, uma explicação que esclareça a relação entre os princípios que publicamente proclamam e o reconhecimento de maus resultados da política de recuperação seguida com as atitudes intolerantes destes seus mandatários que talvez devessem substituir.
 Amanhã escutaremos o ministro das finanças e melhor avaliação poderemos fazer do esforço do Governo, da sua determinação em exigir o respeito que a todos nós é devido e, também, das “concessões” de uma Troika destituída de princípios de humanidade.

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