Começa
a parecer-me excessivo o discurso de Seguro que vai já para lá da
razoabilidade mínima que o discurso de um político deve ter, mesmo
quando disputa o poder. Mais, até, quando e sua ânsia de poder
excede o seu dever de respeitar os interesses nacionais que são os
de todos nós.
Por
isso, deveria o discurso de Seguro ser de salvação nacional, um
discurso encorajador que nos pudesse ajudar a suportar melhor os
sacrifícios que governos desgovernados nos obrigam a fazer e a
procurar melhores soluções para os problemas que os causam.
O
Governo percebeu uma parte do problema do futuro porque tem de
enfrentar as contas que do Estado que lhe dizem, muito claramente, que
Portugal não pode continuar a viver no faz-de-conta em que vivia.
Mas
Seguro, o líder do maior partido da oposição nem sequer entendeu
que Portugal está particularmente vulnerável no meio de um crise
global que todo o mundo sofre e que isso afecta o nosso país também.
O
discurso do miserabilismo não vale a pena e muito menos vale dizer
que estamos agora pior do que no início da crise que está a seguir
um percurso que, tudo indica, não a fará melhorar enquanto não
entendermos ser outro o caminho a seguir, bem diferente do que
estamos a tentar recuperar.
Jamais
haverá sossego enquanto não ajustarmos o nosso ritmo de vida àquele
que podemos manter. Nós, os portugueses, e todo o mundo que não vai
parar de sentir mais crise enquanto não mudar de vida.
Há
mais de quatro anos que afirmo, mesmo contra o que disseram alguns
Prémios Nobel da Economia cujos erros o seu silêncio mostra que já
terão compreendido, que se não trata de uma crise semelhante a
qualquer outra, mas DA CRISE que põe termo a um modo louco de viver.
É um fim de ciclo que será tanto mais doloroso quanto mais tarde
admitirmos que o seja, pois não há mudança sem dores.
É
deplorável que os políticos não entendam o que se passa e deixem
os gurus da economia, as bolsas, os bancos de investimento e as
empresas de notação financeira continuar a brincar este jogo cujas
consequências serão, a cada dia que passa, mais funestas.
Depois
de anos e anos a contrapor argumentos às causas da aceleração das
alterações climáticas cuja gravidade a natureza nos mostra com
maior frequência que, como desde há muito se sabe, o crescimento
económico excessivo promove, os Estados Unidos tiveram de ceder às
evidências e reconhecer a necessidade de o combater.
Será,
pois, inevitável, reconhecer agora os efeitos dolorosos que tal
combate vai ter, mas sem o qual haveremos de sofrer efeitos bem
piores ainda.
Porque
não aprendem os políticos. Porque não abre os olhos Seguro? Porque
mente aos portugueses?
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