ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 28 de março de 2013

O FIM DO SILÊNCIO DE SÓCRATES



Não entendi muito bem este regresso de Sócrates à vida política portuguesa que veio trazer à liça a questão das culpas dos males de que sofremos. Um assunto mais do que analisado e esclarecido e que, por isso, já devia estar devidamente arrumado numa prateleira qualquer da História recente.
Em vez disso, agudiza-se, na discussão que gerou e vai continuar gerar, a batalha da culpabilização da qual não irá resultar qualquer solução que torne melhor esta vida que vivemos. Em vez disso, reabrem-se feridas que deviam estar já saradas. Feridas que Sócrates queria reabrir e, para tal, apenas aguardava ocasião. Como que uma desforra das humilhações que sente ter sofrido e uma explicação que possa esbater a ideia clara de ter sido a sua política despesista, ainda que não á única, a maior culpada da austeridade que se instalou.
Foi uma entrevista que nada trouxe de novo ao que se passa em Portugal, a não ser as manifestações de satisfação desmedida dos socráticos que o endeusam e mais tempo perdido na discussão global que é indispensável para reequilibrarmos as nossas vidas, para encontrarmos um novo rumo que nos afaste deste atoleiro em que chafurdamos.
O tempo de Sócrates passou e não me parece que valha a pena revive-lo porque nada de positivo trará, a não ser a recordação dos erros que cometeu para que os não repitamos.
Pelo contrário, fazer recrudescer atritos e, eventualmente, gerar confrontos que, no momento que vivemos, melhor fora que evitássemos, será uma consequência deste reaparecimento de alguém que pretende justificar um tipo de política que cada vez mais a Natureza nos diz não se pode repetir.
Mas as audiências, mesmo na televisão oficial que todos pagamos, ditaram o que nenhum de nós esperava, a não ser os que, na sombra, trabalharam para que acontecesse, fosse para facultar ao seu “chefe” momentos de redenção ou para tentarem redominar o PS, onde a sua “fidelíssima ala” nunca desapareceu.
Não vi, em tudo o que tenha dito, alguma coisa que pudesse ajudar a criar condições para um futuro melhor porque, de futuro, nada Sócrates parece saber. Poderia Sócrates ter-se constituído a oposição que, por cá, não tem havido, mas nem um arremedo disso fez. Nem mesmo quando se resguarda no seguimento que fez da política despesista que a Europa parecia ter eleito como solução lhe posso dar razão, porque não pode merecer-me encómios o disparate de copiar os erros que outros façam.
Fico a pensar que foi mais uma daquelas iniciativas que se não enquadram no esfoço que deveríamos fazer para mudar de vida! Definitivamente.
Estamos a ficar uma país muito estranho...

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