Não entendi muito bem este
regresso de Sócrates à vida política portuguesa que veio trazer à liça a
questão das culpas dos males de que sofremos. Um assunto mais do que analisado e
esclarecido e que, por isso, já devia estar devidamente arrumado numa
prateleira qualquer da História recente.
Em vez disso, agudiza-se,
na discussão que gerou e vai continuar gerar, a batalha da culpabilização da
qual não irá resultar qualquer solução que torne melhor esta vida que vivemos.
Em vez disso, reabrem-se feridas que deviam estar já saradas. Feridas que Sócrates
queria reabrir e, para tal, apenas aguardava ocasião. Como que uma desforra das
humilhações que sente ter sofrido e uma explicação que possa esbater a ideia
clara de ter sido a sua política despesista, ainda que não á única, a maior
culpada da austeridade que se instalou.
Foi uma entrevista que
nada trouxe de novo ao que se passa em Portugal, a não ser as manifestações de
satisfação desmedida dos socráticos que o endeusam e mais tempo perdido na discussão
global que é indispensável para reequilibrarmos as nossas vidas, para
encontrarmos um novo rumo que nos afaste deste atoleiro em que chafurdamos.
O tempo de Sócrates passou
e não me parece que valha a pena revive-lo porque nada de positivo trará, a não
ser a recordação dos erros que cometeu para que os não repitamos.
Pelo contrário, fazer
recrudescer atritos e, eventualmente, gerar confrontos que, no momento que vivemos,
melhor fora que evitássemos, será uma consequência deste reaparecimento de
alguém que pretende justificar um tipo de política que cada vez mais a Natureza
nos diz não se pode repetir.
Mas as audiências, mesmo
na televisão oficial que todos pagamos, ditaram o que nenhum de nós esperava, a
não ser os que, na sombra, trabalharam para que acontecesse, fosse para
facultar ao seu “chefe” momentos de redenção ou para tentarem redominar o PS,
onde a sua “fidelíssima ala” nunca desapareceu.
Não vi, em tudo o que
tenha dito, alguma coisa que pudesse ajudar a criar condições para um futuro
melhor porque, de futuro, nada Sócrates parece saber. Poderia Sócrates ter-se
constituído a oposição que, por cá, não tem havido, mas nem um arremedo disso
fez. Nem mesmo quando se resguarda no seguimento que fez da política despesista que a Europa parecia ter eleito como solução lhe posso dar razão, porque não pode merecer-me encómios o disparate de copiar os erros que outros façam.
Fico a pensar que foi mais
uma daquelas iniciativas que se não enquadram no esfoço que deveríamos fazer
para mudar de vida! Definitivamente.
Estamos a ficar uma país muito estranho...
Estamos a ficar uma país muito estranho...
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