Um “mail” que me enviaram
fez-me recordar que, em Fevereiro de 1953, foi assinado o acordo para pagamento
da enorme dívida alemã. Dívida que deveria ser eterna pelos prejuízos materiais
que causou e pelas muitas dezenas de milhões de vidas que ceifou em duas
guerras mundiais que provocou!
Em tempo de dívida para
cujo pagamento agora a Alemanha nos exige sacrifícios difíceis de suportar,
valerá a pena recordar os princípios definidos então, os quais tinham em vista
a recuperação da economia alemã e não o seu castigo!
São eles:
1. Perdão/redução
substancial da dívida;
2. Reescalonamento
do prazo da dívida para um prazo longo;
3. Condicionamento
das prestações à capacidade de pagamento do devedor.
Num texto escrito por Marcos Romão, pode ler-se “O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %."
"Foi evidente que a grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.
O pagamento foi escalonado
entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência
durante a qual só se pagaram juros."
Estas foram as condições
benevolentes e humanas que mais de 26 países decidiram para que o povo alemão
se pudesse reerguer.
Hoje, a Alemanha a quem a
Europa estupidamente curva a cerviz, impõe condições draconianas aos povos
devedores, exige-lhe sacrifícios desumanos e o simples pedido de mais um ano
para que os sacrifícios sejam menos duros é causa de sérias negociações e de
respostas mitigadas porque a Srª Merkel tem de ser comedida nas suas atitudes
porque tem eleições em Setembro!
Sublinhei propositadamente
o ter sido considerado inaceitável
reduzir o consumo para pagar a dívida, porque sabiam os credores que não
seria uma austeridade cega que permitiria ao povo alemão levantar a cabeça. Um princípio que depressa foi
esquecido quando a desgraça bateu a outras portas…
Sei bem que, hoje, as
circunstâncias são outras e não seria possível tamanha generosidade. Sei, também, que os excessos cometidos e naquela altura não causavam os danos que hoje causam, obrigam a reduzir o consumo até níveis razoáveis e compatíveis com as disponibilidades. Mas ser
humano continua a ser indispensável para que as soluções sejam bem sucedidas.
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