Por formação, habituei-me
a condicionar as minhas análises pelas referências que me permitam situá-las.
Aliás, as referências são o que nos permite fazer comparações, avaliar
situações e tomar as decisões adequadas.
Por isso, quando chefe de
Estado-Maior General das Forças Armadas, general Luís Araújo, considera que "há
uma linha a partir da qual as Forças Armadas deixam de funcionar", sob
pena de se "desarticularem ou passarem a funcionar mal", eu não
consigo imaginar do que esteja a falar porque nem sei o que seja que se pede às
Forças Armadas numa situação de emergência financeira.
O quadro operativo das FA
e os meios necessários para o fazer funcionar estão inevitavelmente
interligados e, naturalmente, deles depende o orçamento que lhes seja
disponibilizado.
Nas condições actuais de
reduzidas disponibilidades financeiras, impõe-se definir qual deles, o quadro
operacional ou o orçamento, se deve constituir a referência em relação à qual o
outro deve ser ajustado.
Parece-me ser do mais
básico bom senso que, em emergência financeira, seja o quadro operacional
ajustado às disponibilidades e não o contrário, porque cada país só poderá, em
cada momento, ter as FA que as suas capacidades lhe consentirem. Diferente
disto é mera alucinação.
Não existe, pois, aquela
linha a partir da qual as FA deixam de funcionar, a menos que tenha de admitir
que não são as chefias militares capazes dos ajustamentos que as circunstâncias
impuserem para que a funcionalidade seja garantida.
Como em todos os demais
sectores acontece, também as FA se devem conformar com as alterações que a “crise”
torna inevitáveis, em vez de, como algumas entidades o fazem de modo
irresponsável, reclamarem ser a excepção que não são, porque é sua missão serem
responsáveis.
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