Uma intervenção de um
jovem deputado na AR, na qual disse que Portugal foi contaminado pela “peste
grisalha” deu-me, a par de outras declarações de gente que se preocupa mais com
o dinheiro do que com a vida, uma outra pista para pensar como este modelo
económico de que a “peste gandula” tanto gosta é incompatível com a própria Humanidade.
Ninguém melhor do que um que
já nem grisalho é, para entender estas teorias de uma nova “peste” que alastra
e é preciso combater para salvar a economia.
Todos nos julgamos
imortais a certa altura da vida. No meu tempo de rapaz, olhávamos os idosos com
comiseração porque, coitados, já mal se podiam bastar. Mas era uma forma humana de
os olhar. Tratávamo-los com respeito, dávamos-lhe a mão para ajudar,
preocupávamo-nos com o desconforto que a idade lhes causaria. Mas jamais
pensaríamos que, um dia, seríamos assim.
Hoje, mesmo os de meia
idade, julgando-se na força da vida e com direitos que outros não devem
prejudicar, olham os idosos com desdém, mesmo com a agressividade dos que por
eles se julgam prejudicados e pedem-lhes para morrer depressa!
Não se terá alterado o
sentimento de que “eu jamais serei assim”, mas inverteram-se os valores que,
antes, se centravam na Humanidade e hoje colocam a Economia no topo do que mais
vale.
Como se alterará este modo
de pensar gandulo quando, se disso tiverem a sorte, forem grisalhos também!
Saberão então que,
sentindo ainda quão úteis poderiam ser, são desprezados pelos que se julgam os
detentores da força e da verdade e nunca os autores dos erros em que os mais
velhos fundaram o seu saber e eles deveriam aproveitar para evitar os males que
ao mundo causa a sua ignorância estúpida.
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