Parece-me que, finalmente,
entendi porque quando rebentaram aqueles petardos no Terreiro do Paço, naquele
dia mais cheio do que na tarde de ontem, a primeira reacção de Soares foi sair
da varanda em que, juntamente com Pinheiro de Azevedo e Sá Carneiro, se
encontrava exposto. Para ele, haverá, sempre, lugar para distúrbios e agressões
porque não julga a serenidade capaz de resolver problemas.
Apenas não saiu porque o “Velho
Almirante” o segurou enquanto afirmava que o “povo é sereno”.
Curiosamente, eu estava
lá, ali bem próximo…
Mas o povo português já
deu mil provas de preferir a serenidade ao confronto físico pelo qual Soares
parece esperar para repor o seu socialismo equivocado.
Pretende, agora, Soares
instigar o “povo sereno” a que o não seja e, numa teoria de conflito como o são
tantas outras de sua autoria, aconselha o Governo a demitir-se antes de o
Tribunal Constitucional se pronuncie, em vez de aconselhar Seguro a participar
na inevitável reforma do Estado Social, o que seria o modo de, em democracia,
resolver esta importantíssima questão com benefício para todos.
Quanto a questões de
legitimidade, eu perguntaria a Soares porque não dispensou, ainda, as mordomias
que todos lhe pagamos e das quais não necessita para viver bem, enquanto tanta
gente não tem um tostão para comer! Seria um bom exemplo de democracia.
E, mais ainda, relembro a
Soares que a nossa democracia é representativa e tem na Assembleia da
República, bem ou mal, o seu órgão máximo, onde as questões devem ser
analisadas e discutidas, sem necessidade da turbulência das ruas onde as
dificuldades que tantos sofrem se tornam presa fácil da demagogia de gente como
Soares, em vez de ser esclarecido por quem, como ele, tem o dever de
esclarecer. Se soubesse ou lhe conviesse.
Mas em Portugal os votos
não se contam nas ruas. Contam-se nas urnas. Terão as "oposições" de fazer melhor, de fazer o trabalho que lhes compete que não é, quanto a mim, instigar o povo como quem atiça um cão...
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