Lendo
as notícias de hoje, comecei por notar que alguém reclamava contra
a negação do acesso a fontes de informação, citando o Código
Deontológico do Jornalista. Depois vi que se tratava de uma reacção
às condições impostas na conferência de imprensa para início do
debate público da “reforma do Estado” a que o Governo vai
proceder.
Aos
jornalistas foi dito que "não haverá registos de imagem e som
durante os painéis. A permanência dos jornalistas na sala é
permitida. Não haverá reprodução de nada do que seja dito sem a
expressa autorização dos citados".
Não
estive lá e, deste modo, não é fácil enteder o que, realmente, se
pretende alcançar ou evitar com tais medidas.
Que
os jornalistas não gostaram, isso eu já entendi, havendo alguns
que, segundo as notícias, se retiraram da sala.
Não
tenho dúvidas de que não haverá bom debate público sem boa
comunicação, porque o público não será, apenas, as pessoas que
assistam ou participem nos painéis, o primeiro dos quais teve por
tema “o Estado a que chegámos”.
Estaremos
todos interessados, creio eu, talvez a menos os partidos que se
recusaram a participar num debate que, sem graves riscos, não pode
ser mais adiado.
Há
óbvias más vontades em relação ao que o Governo pretende fazer e,
por isso, evitar todas as confusões que uma má comunicação possa
causar é coisa importante de garantir.
Não
acredito que, sejam quais forem as medidas tomadas, a confusão não
apareça, como tantas vezes acontece, sobretudo em consequência de
transmissão defeituosa do que se passou ou do que se disse, o que
pode suceder por várias razões.
E
não são poucas as vezes em que acontece na Comunicação Social.
Tantas vezes colhi primeiras impressões de títulos a que o corpo da
notícia não fazia jus como, também, tomei por boas notícias que o
não eram de todo, o que, sem qualquer dúvida, afecta os juízos que
se fazem das coisas, das atitudes ou das situações, o que, num
debate como este, não deveria acontecer.
Estamos
num momento muito sério da nossa vida, da vida do nosso país e do
nosso mundo, o qual, para ser bem resolvido, necessita de um lato
entendimento da situação, das atitudes possíveis e dos resultados
que possam ter.
Não
sei se os melhores cuidados serão os que foram impostos. Mas que
cuidados muito especiais devem ser tidos, disso não tenho dúvidas.
A
confusão que, porventura, se criar, será o pior que pode acontecer
num momento já tão mau e que, assim, se tornará pior.
Eu
penso que os jornalistas, também eles interessados, como todos nós,
nas boas decisões que se tomem, deveriam aceitar o esforço
suplementar que lhes é imposto para que o debate chegue em condições
de verdade e de clareza a todos nós. Não me parece que as notícias
sejam negadas, mas apenas impostos cuidados para que correspondam à
verdade que devem ser.
Mas
não acredito que não aconteçam os devaneios do costume que
acabarão por nos prejudicar a todos, mas que talvez satisfaçam os
interesses políticos de alguns a quem a sede de poder causa
desconforto.
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