ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A COMUNICAÇÃO SOCIAL E O DEBATE SOBRE A REFORMA DO ESTADO

Lendo as notícias de hoje, comecei por notar que alguém reclamava contra a negação do acesso a fontes de informação, citando o Código Deontológico do Jornalista. Depois vi que se tratava de uma reacção às condições impostas na conferência de imprensa para início do debate público da “reforma do Estado” a que o Governo vai proceder.
Aos jornalistas foi dito que "não haverá registos de imagem e som durante os painéis. A permanência dos jornalistas na sala é permitida. Não haverá reprodução de nada do que seja dito sem a expressa autorização dos citados".
Não estive lá e, deste modo, não é fácil enteder o que, realmente, se pretende alcançar ou evitar com tais medidas.
Que os jornalistas não gostaram, isso eu já entendi, havendo alguns que, segundo as notícias, se retiraram da sala.
Não tenho dúvidas de que não haverá bom debate público sem boa comunicação, porque o público não será, apenas, as pessoas que assistam ou participem nos painéis, o primeiro dos quais teve por tema “o Estado a que chegámos”.
Estaremos todos interessados, creio eu, talvez a menos os partidos que se recusaram a participar num debate que, sem graves riscos, não pode ser mais adiado.
Há óbvias más vontades em relação ao que o Governo pretende fazer e, por isso, evitar todas as confusões que uma má comunicação possa causar é coisa importante de garantir.
Não acredito que, sejam quais forem as medidas tomadas, a confusão não apareça, como tantas vezes acontece, sobretudo em consequência de transmissão defeituosa do que se passou ou do que se disse, o que pode suceder por várias razões.
E não são poucas as vezes em que acontece na Comunicação Social. Tantas vezes colhi primeiras impressões de títulos a que o corpo da notícia não fazia jus como, também, tomei por boas notícias que o não eram de todo, o que, sem qualquer dúvida, afecta os juízos que se fazem das coisas, das atitudes ou das situações, o que, num debate como este, não deveria acontecer.
Estamos num momento muito sério da nossa vida, da vida do nosso país e do nosso mundo, o qual, para ser bem resolvido, necessita de um lato entendimento da situação, das atitudes possíveis e dos resultados que possam ter.
Não sei se os melhores cuidados serão os que foram impostos. Mas que cuidados muito especiais devem ser tidos, disso não tenho dúvidas.
A confusão que, porventura, se criar, será o pior que pode acontecer num momento já tão mau e que, assim, se tornará pior.
Eu penso que os jornalistas, também eles interessados, como todos nós, nas boas decisões que se tomem, deveriam aceitar o esforço suplementar que lhes é imposto para que o debate chegue em condições de verdade e de clareza a todos nós. Não me parece que as notícias sejam negadas, mas apenas impostos cuidados para que correspondam à verdade que devem ser.
Mas não acredito que não aconteçam os devaneios do costume que acabarão por nos prejudicar a todos, mas que talvez satisfaçam os interesses políticos de alguns a quem a sede de poder causa desconforto.

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