É evidente que quando se
gasta mais do que o que se ganha, o resultado é a falência que, mais cedo ou mais tarde, ha-de chegar! Uma conta simples
de fazer e um resultado que não deixa dúvidas a uns mas que, para outros, está
errada porque, para o que for preciso, “o dinheiro sempre há-de vir de algum
lado”, como se julga na filosofia social-demagógica, onde os “pais” das grandes
utopias sociais sempre reclamam quando se torna evidente não haver condições materiais
para as realizar como as sonharam.
Num país subdesenvolvido
onde acumular riqueza em vez de investir no progresso era a norma, o “revolução”
encontrou meios para satisfazer todos os caprichos das suas doutrinas
quiméricas, como se determinadas benesses fossem simplesmente devidas em vez de
terem de ser alcançadas, mantidas e melhoradas com persistência e trabalho!
Assim se “monta” um Estado
Social que a todos garante a satisfação das suas necessidades, sem a contenção
e o controlo que deveria ter para ser sustentável. Nestas condições, só pode
ser um Estado Social falhado, para mal de todos nós.
Quando o buraco se revela
assustador, as medidas necessárias para o controlar não podem deixar de ser
dolorosas porque desfazem expectativas, retiram benesses e obrigam a redobrar
os esforços para garantir os rendimentos necessários. No caso de um Estado, os
rendimentos são obtidos pelos impostos, tanto mais elevados quanto maior for o
buraco a tapar. É daqui que provêem a austeridade que vivemos e os elevados
impostos que pagamos. E assim terá de ser até que a situação fique equilibrada
e possamos, de novo, retomar a normalidade e começar o esforço de
desenvolvimento que nos permita viver cada vez melhor.
Nesse momento, será
indispensável estarem harmonizadas as despesas com os rendimentos, o que
significa a necessidade de reduzir o nível de vida insuportável do qual
resultou a falência, até um valor que não cause desequilíbrios, ao que, muitos,
chamam política de empobrecimento quando é, realmente, uma política de
reequilíbrio. É evidente que tal obriga a harmonizar impostos e regalias
sociais. A menos os esforços de racionalização que devem ser feitos, será sempre maiores estas, mais elevados aqueles.
Daí a necessidade do “tal”
corte na despesa que, segundo as contas do Governo, terá de atingir 4,5 mil
milhões de euros.
Poderia e deveria o Governo
ter sido mais célere e eficaz em medidas que pudessem amenizar a austeridade
que sofremos, ter sido mais sensível ao sofrimento que a austeridade causa e,
também, mais justo e equitativo nos pedidos dos esforços que pede. Nisto o critico. Mas que
não pode deixar de fazer o corte na despesa que a exiguidade dos recursos disponíveis exige,
é a mais pura e indesmentível verdade.
Como faze-lo é a questão
para cuja solução a social-demagogia se não mostra disponível mas da qual o
tempo lhe mostrará que terá de suportar as consequências. Dos outros que devem
julgar que nadamos em dinheiro ou não devemos cumprir obrigações, já me desabituei de falar.
Quanto a um relatório que
o FMI apresentou e divulgou como proposta para o “corte”, não será,
necessariamente, o que será feito, mas não andará muito longe. Infelizmente.
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