Acabo de ler
extractos de um discurso de Jorge Sampaio sobre a “reforma do Estado”, dentre
os quais destaco um apelo para que o seu debate “não seja confundido com
cortes” e se evitem medidas
“agudas, precipitadas, facciosas e de vistas curtas”. Lembrou, também,
que “não podemos ignorar a nossa história de quase 40 anos em que a saúde
pública deu um salto abissal”.
Sei bem como
as precipitações podem ter resultados desastrosos e, por isso, concordo que se
não façam reformas sem os cuidados que, também o sei, não evitam erros que
devemos esperar que se revelem para os emendar e, passo a passo, melhorar tudo
o que se fez e alcançar os resultados pretendidos.
Toda a
criação tem o seu tempo de formação e de crescimento que devemos seguir
atentamente para não se afastar do caminho que esperamos que siga. É assim na
vida, é assim em tudo o que fazemos.
Não se pode
chamar careca a alguém que acaba de nascer sem cabelo, nem mudo a um recém-nascido que
ainda não sabe falar... Mas é algo semelhante o que fazemos quando nos
apressamos demais a criticar o que outro fez e que, como tudo, não nasceu perfeito.
Depois, quando
Sampaio se refere aos 40 anos da nossa História em que a saúde deu um salto “abissal”,
mais me parecesse que está a pensar no abismo em que a deixaram cair pelos
erros e dívidas que acumulou, talvez maiores do que os benefícios que gerou, e são,
agora, uma das principais razões da necessidade da reforma que tem de ser feita.
Foi mais um
discurso, bem feito sem dúvida, como tantos outros que tenho ouvido e do
conjunto dos quais poderia extrair um excelente “caderno de encargos” para uma
obra que, por mais que falem, não realizam nem realizaram quando para isso
tiveram oportunidade.
Quando será
que, em vez de falar e altercar, o país se decide a por mãos à obra?
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