ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

UM PAÍS QUE FALA DEMAIS



Acabo de ler extractos de um discurso de Jorge Sampaio sobre a “reforma do Estado”, dentre os quais destaco um apelo para que o seu debate “não seja confundido com cortes” e se evitem medidas “agudas, precipitadas, facciosas e de vistas curtas”. Lembrou, também, que “não podemos ignorar a nossa história de quase 40 anos em que a saúde pública deu um salto abissal”.
Sei bem como as precipitações podem ter resultados desastrosos e, por isso, concordo que se não façam reformas sem os cuidados que, também o sei, não evitam erros que devemos esperar que se revelem para os emendar e, passo a passo, melhorar tudo o que se fez e alcançar os resultados pretendidos.
Toda a criação tem o seu tempo de formação e de crescimento que devemos seguir atentamente para não se afastar do caminho que esperamos que siga. É assim na vida, é assim em tudo o que fazemos.
Não se pode chamar careca a alguém que acaba de nascer sem cabelo, nem mudo a um recém-nascido que ainda não sabe falar... Mas é algo semelhante o que fazemos quando nos apressamos demais a criticar o que outro fez e que, como tudo, não nasceu perfeito.
Depois, quando Sampaio se refere aos 40 anos da nossa História em que a saúde deu um salto “abissal”, mais me parecesse que está a pensar no abismo em que a deixaram cair pelos erros e dívidas que acumulou, talvez maiores do que os benefícios que gerou, e são, agora, uma das principais razões da necessidade da reforma que tem de ser feita.
Foi mais um discurso, bem feito sem dúvida, como tantos outros que tenho ouvido e do conjunto dos quais poderia extrair um excelente “caderno de encargos” para uma obra que, por mais que falem, não realizam nem realizaram quando para isso tiveram oportunidade.
Quando será que, em vez de falar e altercar, o país se decide a por mãos à obra?

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