O “roubo” de sete filhos a
um casal que tem dez marcou, claramente a semana que passou, ainda que com
um atraso de um ano. É a celeridade com que as coisas acontecem neste país,
onde um caso se torna um caso se alguém, um dia, der por ele e o tornar
público. Então todos ficamos muito perturbados e lamentamos esta justiça que
temos e todos entendem ser má. E desta vez, como de outras, com excesso de
razão que, apesar disso, de nada serve.
Ainda os rumores deste
caso se ouviam, já uma outra decisão, daquelas que os tribunais dizem ser
tomadas no “superior interesse das crianças” se tornava notícia de caixa alta
como o não pode deixar de ser um caso em que uma mãe, depois de matar os seus
dois filhos que o Tribunal lhe acabava de retirar, se suicidou.
Bastaria uma pequena visita
pelas notícias do último ano, para não ir mais além, para concluirmos que algo
corre muito mal nesta Justiça em que fazem das crianças o pomo da discórdia.
Para o juiz Armando
Leandro, presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em
Risco, este caso e outros semelhantes ocorridos nos últimos tempos, tornam agora urgente uma "reflexão"
sobre a acção das comissões de protecção, nomeadamente no que respeita "ao
trabalho de prevenção primária".
Tendo em conta os maus, por vezes trágicos
resultados que esta Justiça tem alcançado, o juiz reconhece, ainda que, "Temos
também de estar cada vez mais atentos às perturbações de ordem psicológica para
podermos incrementar medidas de mediação adequadas", frisou.
É uma definição perfeita das "lágrimas de crocodilo", de qualquer coisa que se diz porque não há como não falar, mesmo que, como é o caso, nada se diga. Nada do que o Juiz acha ser agora urgente era desconhecido já por muitos anos.
É uma definição perfeita das "lágrimas de crocodilo", de qualquer coisa que se diz porque não há como não falar, mesmo que, como é o caso, nada se diga. Nada do que o Juiz acha ser agora urgente era desconhecido já por muitos anos.
Como sempre, é preciso que
as desgraças aconteçam para reconhecermos que alguma coisa está mal, que temos
de reparar mais nas pessoas e que o tão falado “superior interesse da criança”
não tem passado de uma desculpa para resolver levianamente problemas pessoais
graves em decisões para as quais o juiz talvez não possua toda a informação de que necessitaria para as tomar. É o péssimo trabalho de acompanhamento que neste país se tem feito.
Estaria de acordo com Armando
Leandro se tivesse acordado para uma terrível realidade muito tempo antes e se
em vez de reflexão falasse em acção determinada e segura para que casos como
estes não possam acontecer, pois a mudança da fechadura depois de roubada a
casa, não passa de uma atitude pateta!
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