ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O CAVALO DO ESCOCÊS




(capa de The Economist, 22.12.12)

Esta austeridade a que uma crise já com cinco anos nos obriga, faz-me lembrar muitas vezes a história do escocês que, para cortar nas despesas, pensou poder habituar o seu cavalo a não comer. Acabou por ser infeliz na sua tentativa porque, quando estava já quase habituado, o cavalo morreu!
Eu nem imagino como os financeiros classificam esta crise que obriga tanta gente a passar fome. Talvez como o escocês ou como aquele que olhava um monte de pedras a que chamava uma parede, a parede que se podia fazer com elas mas que ninguém fazia. Porque eles não sabem fazer paredes ou seja o que for para além de cortar no produto do trabalho das pessoas. Apenas brincam com os números e fazem umas contas que, agora, até o “excel” faz por eles. O “excel” e outros programas preparados para que umas máquinas estúpidas que não conhecem mais do que o “0” e o “1” e apenas sabem somar, lhes digam o que devem fazer!
Sinto que é assim que se governa no mundo dito desenvolvido, um número restrito de países dos quais alguns já se encontram na falência e outros para lá vão caminhando. Dos não desenvolvidos nem falam as estatísticas...
Depois de muitos que, faz tempo, já viam luzinhas ao fundo do túnel, também alguns as voltam agora a ver, como o próprio ministro alemão das finanças, o herói de Gaspar, logo desmentidos pela Chanceler alemã que, mais sensatamente, quero crer, diz que o futuro ainda vai ser muito difícil.
A minha teoria, já todos a conhecem, mesmo desde há anos quando já muitos eram optimistas. É a de que o futuro será cada vez mais difícil se insistirmos no impossível regresso às atitudes que nos conduziram até aqui.
A capa do “the economist” (da qual reproduzo a parte que interessa), edição do natal 2012, é extremamente elucidativa sobre o caminho que o mundo leva e, no seu interior, com base no que acontece na economia, diz ser fraca a recuperação a nível mundial nas economias mais consolidadas e com sinais preocupantes nas economias emergentes que não correspondem à expectativas que criaram.
Mas, não sendo eu economista, financeiro nem qualquer outra coisa que reduza o meu conhecimento a saberes específicos que me ocultem a visão mais global e comum que consegue observar o quadro mais amplo da realidade, não me envolvo nesses pormenores em que se enredam os “sábios” das finanças que, mostram-no os factos, desconhecem as realidades que são a Natureza e a própria Vida.
Do que eu penso e das contradições dos que julgam saber o que se passa e crêem poder influenciá-lo, retiro a certeza de o mundo viver mais uma das convulsões que dão lugar a profundas mudanças que a “inteligência humana”, hoje como outrora, parece não conseguir que se faça sem conflitos e sem grandes dores.
Por isso persisto no perigo das políticas que se tomam pensando ser possível resistir à ausência do indispensável à vida que, cada vez mais rapidamente, os “inteligentes” deste mundo vão destruindo, como o escocês fez ao seu cavalo!

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