Ontem terminei o dia com a
notícia de que havia em Angola a primeira mulher africana milionária integrada
no grupo dos mais ricos da Terra, com cerca de novecentos milhões de euros, e
começo o dia, hoje, a escutar os pedidos da Cáritas que, para este ano,
necessitará de um mínimo de mil milhões de euros para acudir às crianças em
perigo de vida por esse mundo fora. Da lista dos países mais necessitados
lembro-me de ter ouvido que as crianças do país do petróleo e dos diamantes
necessitariam quatrocentos milhões!
E não pude deixar de
relacionar alguns factos que colocam em conflito a economia e a vida.
Juntam-se fortunas
excessivas onde morre muita criança à fome e defende-se a morte rápida dos
idosos num dos países mais ricos do mundo, para bem da economia.
Será a Economia o cofre
onde o “tio Patinhas” junta dinheiro para sentir o gozo de nele se rebolar e será
a Vida apenas algo que faz sentido se tiver valor económico?
Parece-me que vai por esta
via sórdida o entendimento das coisas que passou a baralhar todos os valores
até colocar a Vida no nível mais baixo de uma escala onde as futilidades e os
jogos de poder ocupam os lugares cimeiros.
Lembro-me de tantas coisas
que li ao longo de muitos anos, escritas por homens sábios que previram que, um
dia, as coisas seriam assim, que a Economia seria o monstro que tudo dominaria
e seria ela a própria vida que outro valor não passaria a ter senão o de quanto
pudesse comprar.
Uns ganham milhões porque
é esse o seu “valor de mercado”, tentam outros sobreviver com as migalhas que
caem das mesas recheadas dos que, com fartas iguarias, se empanturram, morrem
crianças que a míngua faz doentes e desnutridas, querem matar-se idosos porque,
se não produzem, não merecem viver!!!
Que isto tem os dias
contados eu tenho a certeza porque um dia sobejará o dinheiro e faltará o que com ele comprar. Que o Homem disso se aperceba depressa, é a única esperança que tenho de que os meus netos e bisnetos possam viver num mundo decente!
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