ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

AS INCONSTITUCIONALIDADES DO ORÇAMENTO



Seria inevitável que o Presidente da República, mesmo depois da sua promulgação, solicitasse a verificação da constitucionalidade de alguns artigos do OE2013, porque o veredicto do TC será um penhor de acalmia nas inúmeras manifestações contrárias, inevitáveis quando se trata de um orçamento em que o Estado, por circunstâncias ponderosas, não pode deixar de cortar em muita coisa para equilibrar umas finanças que erros demasiados desequilibraram ao longo de muitos anos e, assim, cumprir metas que permitam a continuação da assistência externa ainda impossível de dispensar.
Não me falem de direitos conquistados em duras lutas ou naqueles que a Constituição consagra mas não paga pois, tal como em tempo de guerra não se limpam armas, também nesta guerra de sobrevivência não fariam qualquer sentido certos pruridos baseados num papel onde foi escrito o que nele se entendeu escrever.
Falem-me de princípios de moral social, de equidade e de bom senso e parecerão mais justos os sacrifícios que me pedem mesmo sem para as suas causas ter contribuído, ainda que me apeteça clamar bem alto por justiça contra quem, por arrogância e incompetência criou as condições para que tudo isto fosse necessário.
O Presidente da República acaba de enviar para o Tribunal Constitucional três artigos do Orçamento de Estado para serem alvo de fiscalização sucessiva, nomeadamente em relação aos seguintes pontos:
- Artigo 29º - suspensão do pagamento do subsídio de férias ou equivalente;
- Artigo 77º - suspensão do pagamento do subsídio de férias ou equivalentes de aposentados e reformados;
- Artigo 78º - contribuição extraordinária de solidariedade.
É minha convicção que é o artigo 78º o que mais afronta a equidade, para além de ser, por força dos cidadãos aos quais se destina, uma prova de completa falta de sensibilidade social de que a justificação dada pelo Primeiro-Ministro é uma infâmia difícil de desculpar!
Haveria razões para procedimentos especiais para aqueles cujas reformas, tal como ele disse, não correspondem aos descontos que fizeram, as reformas vergonhosas que muitos recebem como complemento de uma vida de benesses e de oportunidades que lhes proporcionaram. Mas que pague o justo pelo pecador? Ó Pedro, que falta de sensibilidade.
Não podem os “maiores” deste país ser tratados como trapos, como gente a quem o país nada deve e, mais do que isso, gente a quem o Estado quer fazer sentir que mantém por favor! Ó Vitor, a tua avó nem te reconheceria na falta de pudor que revelas!

Sem comentários:

Enviar um comentário