ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ESCREVER TORTO POR LINHAS DIREITAS



Henrique Monteiro escreveu no Expresso (edição on line):
Passos Coelho fechou a célebre conferência sobre a reforma do Estado (agora já com os jornalistas todos presentes) com uma frase deveras interessante de analisar: "O país não pode parar só por não haver consensos". Aparentemente, a frase faz sentido e revela um homem determinado; porém, se pensarmos segunda vez é uma frase profundamente errada.
As reformas que o país tem de fazer não podem ser feitas 'apesar do país'. O mandato que o Governo tem não pode ser 'contra o país'. As reformas que constitucionalmente precisam de consenso têm de ser obtidas com o consenso necessário. A frase de Passos é, por isso, totalmente desprovida de sentido, a menos que implicitamente haja a ameaça de um golpe palaciano ou pior.
À arte de transformar uma sociedade nos limites do que é possível chama-se governar. Talvez se o primeiro-ministro pensasse mais nisto, e menos em voluntarismos sem sentido, fosse capaz de arranjar soluções e reformas de que, verdadeiramente, necessitamos. E em vez de seguir, isolado, não se sabe para onde, conseguisse alguns aliados. Mas a escolha está feita, e com ela mais uma oportunidade perdida.”
Li uma vez e pareceu-me estranho. Li uma segunda vez e pareceu-me perverso, pois não consegui relacionar as deduções com o mote e, muito menos, com a sua razão de ser, a recusa expressa do PS em participar no estudo e discussão da reforma inevitável do Estado Português.
Seguem-se, na edição “on line”, muitos comentários que não comentam nada porque apenas insultam um primeiro-ministro que mais este escrito deita abaixo num processo de dedução enviesada talvez pela necessidade de escrever qualquer coisa de preferência em função da moda que a pudesse apreciar. E a moda é bater no primeiro-ministro e na sua intenção de reformar o país que já mostrou não conseguir endireitar-se de outro modo.
Numa vida profissional onde estudar, investigar, projectar, fazer e ensinar foram tarefas permanentes, nunca me dei conta de um processo dedutivo tão estranho como este. Decerto porque sempre trabalhei em domínios onde se não omitem partes do todo para facilitar a conclusão a que se pretenda chegar.

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