Seguro
acabou por falar quase claro àcerca do que pretende, ao afirmar que
Passos Coelho quer que “cada um cuide de si”, o que é, afinal, um
princípio do “liberalismo” que, dizem, ele quer implantar no
país. No liberalismo integral, ao Estado competiria, apenas, um
papel de regulador e de garante da segurança dos cidadãos.
Quanto
ao socialismo que baseia os ideais de Seguro, todos os meios de
produção e forças de trabalho a ela associadas seriam pertença do
Estado que, depois de garantida uma plena igualdade entre os
cidadãos, despareceria, dando origem ao comunismo.
Embora
liberalismo e comunismo sejam conceitos reflectidos na Antiguidade,
pois deles falam Aristóteles e Platão, não têm percursos
semelhantes ao longo do tempo.
O
liberalismo foi a forma de organização social mais comum nas sociedades mais evoluídas, talvez
por ser a mais compatível com a atitude humana pertante a abundância que iam gerando, enquanto o
socialismo, porventura e em certa medida, praticado em algumas
sociedades isoladas e mais pobres, começa por ser referido apenas mo século XVIII
e melhor definido por Marx no século XIX, precisamente em oposição
ao “capitalismo” que o liberalismo gerou sem, contudo, o
conseguir ignorar porque é em relação a ele que formula os seus princípios.
São
dois conceitos extremos e antagónicos o liberalismo e o comunismo a
que o socialismo deseja conduzir e, por isso, ambos feridos dos
mesmos defeitos de que os ideais radicais sempre sofrem.
O liberalismo teve de aceitar regras sociais sem as quais não
sobreviveria e o comunismo que a União Soviética pretendeu realizar
foi o fracasso que se auto-destruiu. O Socialismo teve, nesta
experiência desumana para tanta gente, uma prova que não conseguiu
superar e o colocou no mundo da fantasia. O regime não submeteu as
pessoas, foram as pessoas que derrotaram o comunismo!
Depois
de tudo isto, afinal no que ficamos?
Para
além dos radicais românticos que ainda sonham com uma igualdade
social que a própria Natureza Humana não consegue aceitar, os
socialistas, agora inspirados por um “socialismo democrático”,
desistem da via para o comunismo, mas têm como ilusão um Estado
Providência que garante a todos os cidadãos o que necessitem, o
que, em vez do desparecimento do Estado, dá lugar a um Estado
poderosos e controlador.
Por
sua vez, os liberais, aceitam a intervenção do Estado em alguma
áreas relativas ao Estado Social, na saúde, na educação e em
alguma outras actividades, permitindo que o “privado” a
complemente, o que julgam poder fazer de modo mais eficiente.
Enfim,
não é hora de filosofia aprofundada em ideologias que, quanto a
mim, acabarão por reconhecer que os radicalismos são perniciosos e
que as condições reais de vida fatalmente as levará a reconhecer
as razões naturais a que não podem fugir. E todos não seremos
demais para minizar os perigos que nos espreitam. Quem sabe, um dia, os socialistas entenderão que o dinheiro não cai do Céu e os liberais reconheçam que o dinheiro não é tudo.
Tudo
se resume, pois, à disputa de poder que, em alternâncias demasiado
frequentes, nunca conseguem desenvolver as políticas de longo prazo
que a sustentabilidade exige.
E
nisto se perde tempo precioso que melhor faríamos aproveitar a
prevenir os graves inconvenientes que mudanças profundas vão
provocar. Daí tanta coisa estranha que acontece, sem grande
explicação.
O
Governo dos Estados Unidos, o símbolo do capitalismo que exige o
crescimento contínuo, não conseguiu, por mais tempo, ignorar os
problemas gravíssimnos que as mudanças climáticas, em boa medida provocada pela actividade económica, estão a
provocar e mais provocarão, um ex-Presidente da República,
socialista, recorre aos serviços de saúde privados em hora de
aflição, na Holanda 60% das escolas são privadas e conseguem uma
educação mais barata do que a pública, o Primeiro-Ministro de um
país rico anda de bicicleta e o de um país falido faz-se
transportar em topos de gama com motorista!
Entre
outras coisas também elas muito estranhas.
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