Quando leio uma notícia
que me diz que o líder do Goldman Sachs recebeu um bónus de 16 milhões de
euros, fico a pensar o que será que, alguém que ganha normalmente muito dinheiro,
sente quando lhe acrescentam a conta com uma quantia assim! Nada parecido,
estou certo, com o que sentem alguns a quem, num sorteio de TV, uma chamada de
0.60 €+IVA rende, por mera sorte, mil ou poucos mais euros que vão dar um
jeitão num orçamento muito desequilibrado. Tamanha diferença entre dois seres humanos que, no fim, não levarão consigo o muito ou o pouco que juntaram.
O Goldman Sachs, um banco
de investimentos americano cujo lucro anual é superior a trinta e quatro mil
milhões de euros, é uma instituição cujo poder lhe permite manobrar as finanças
mundiais em consequência de uma capacidade financeira que a maioria dos Estados do mundo não
consegue igualar. É um deus num mundo de adoradores que continuarão a rojar-se a seus pés, a cumprir os seus desejos
enquanto não descobrirem que são eles próprios o sangue de que o gigante se
alimenta e as suas finanças as marionetas com que se diverte. Tamanho é o seu
poder que pode o seu presidente definir-se como “um banqueiro a fazer o
trabalho de Deus". A sua capacidade financeira consegue mover influências
que controlam governos, decidem políticas e definem o rumo do mundo. Até a crise que em Portugal vivemos!
Ainda ressoam as acusações
de Alessio Rastani que, em directo na BBC, afirmou não serem os governos que
mandam no mundo, mas sim o Goldman Sachs.
É assim o mundo da finança
que nada produz para além da euforia que o muito dinheiro pode causar, das contas
recheadas que podem pagar montanhas de inutilidades, de uma irrealidade onde a
realidade dos comuns mortais não é conhecida e nem sequer tem lugar. É um mundo
cuja relação com a Natureza vai criando uma imparidade imensa até se tornar uma
total inutilidade quando, inevitavelmente, apenas corresponder a nada que tenha valor
para a vida.
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