Não
é a primeira vez que digo que às regras quase matemáticas da
Democracia tradicional falta o bom senso para reconhecer que, ao
contrário do que era tido por certo, ela não tem soluções para
tudo. Muito menos e cada vez menos serão soluções o desfazer o que
outros fizeram para fazermos o que nós entendemos ser melhor. A
alternância democrática que se reclama por tudo e por nada, baseada
em hipotéticas maiorias de apoio avaliadas em manifestações mas
que a Assembleia da República saída de eleições não traduz, não
passa do acentuar da visão de curto prazo deste princípio nefasto
em tempos de evidente e cada vez mais acentuada escassez.
Cada
vez mais é necessária uma gestão de longo prazo que antecipe, com
o rigor que o conhecimento científico permita, as consequências das
atitudes que se tomem e limitem os desperdícios de recursos escassos
ao mínimo inevitável.
Terá
de ser assim num tempo em que as “engenharias financeiras” são
cada vez menos capazes de iludir a realidade de uma Natureza que não
acompanha o ritmo descabeçado do consumismo de que a “economia”
necessita para não cair. É a incompatibilidade que se tornou
evidente para o bom senso a que a Democracia se tornou insensível.
Não
é boa gestão insistir na técnica do buldozer potente que empurra a
areia à sua frente até criar uma montanha que já não consegue
mais mover. Mas é o que tem sido feito com o acumular de erros que o
modo incauto de superação das sucessivas crises tem provocado.
No
seu discurso de 25 de Abril o Presidente da República parece ter
compreendido isso e, em consequência, apontou o consenso como a
solução que uma crise política nunca poderia proporcionar.
Ainda
que não veja, em qualquer dos lados da barreira que a ambição
política criou, o discernimento capaz de ir ao encontro das soluções
que a realidade tornaria possíveis de alcançar, porque em ambos
apenas descortino o desejo de voltar a um tipo de economia que o
Tempo deixou, definitivamente, para trás, espero mais de um consenso
que possa resultar da análise inteligente da situação do que do
faz e desfaz que pelo princípio de que "agora é a minha vez" possa contecer.
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