Dou-lhe todo
o meu apoio no que diz, pois outra coisa, afinal, não venho sugerindo desde que
escrevo este jornal. Falta capacidade para entender coisas demasiadamente
complexas para caberem em simples chavões que se repetem ou para serem
explicadas por princípios noutras circunstâncias definidos.
Porém, levo
a afirmação mais longe, para além da Europa, até ao mundo inteiro, onde os
valores da vida estão adulterados e o entendimento da realidade subvertido
pelas questões financeiras que se tornaram nas nossas mais fortes e, por vezes,
únicas preocupações.
Deixámos que
se perdessem tantas coisas que nos faziam felizes, esquecemos princípios de
comportamento que nos tornavam sociáveis, perdemos a noção da importância da
Natureza da qual dependemos e tornámo-nos dependentes de sonhos de riqueza e
vida fácil que a realidade não comporta.
Soterrámos
em egoísmos mesquinhos a solidariedade sem a qual a Humanidade não terá futuro,
desperdiçámos em coisas das quais não tínhamos necessidade e em consumismos
alarves o que a Natureza nos pode dar para viver com moderação, substituímos
pela “frontalidade” rude o respeito que os demais nos deveriam merecer.
Aos idosos
desejamos que morram depressa para não prejudicarem a economia, havendo até
quem se atreva, apesar das responsabilidade públicas que tem, a defini-los como
a “praga grisalha”. Os jovens que nos continuariam são empecilhos que nos
dificultam a vida e, por isso, cada vez menos os desejamos. Da família apenas
aproveitamos o “abrigo” que, sobretudo em tempos de crise, tanto jeito dá. De
nós próprios pouco cuidamos como se o futuro não existisse ou não valesse a
pena ser cuidado e toda a vida tivesse de ser vivida na correria desenfreada a
que a ambição de riqueza incita e os prazeres fáceis reclamam!
Se a
inteligência é a capacidade de entender o meio que nos rodeia para com ele
interagir de forma que nos permita sobreviver da melhor forma possível, mostra
a realidade que cada vez menos a utilizamos como deveríamos, deslumbrados que
estamos pela vida fácil e permissiva que “conquistámos” à nossa própria vida,
aquela que, em vez de a viver, em desmandos contínuos desperdiçamos.
E se, desde
há tantos anos já, se mantêm as razões por que critico as mesmas práticas, faço
os mesmos reparos e aponto os erros que perduram, alguma falta de inteligência
haverá no modo de remediar o que nos apoquenta, na forma de dar solução a
problemas que, sem dúvida, a terão. Diferente da que procuramos. Mas que
existe, certamente!
O que
acontece quando, em vez de pensarmos, nos deixamos levar pela onda provocada
pelos interesses de outros, é este desnorte em que caímos.
Talvez por
isso, é este um ano mais em que o FMI revê em baixa as perspectivas económicas
para o futuro, em todo o mundo...
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