São os preconceitos o que
mais pernicioso é para a evolução das ideias. E há muitos preconceitos,
demasiados até. Uns tão bem enraizados que se convertem em dogmas, enquanto
outros apenas se mantêm por tibieza ou por medo das consequências de dizer o
que se sente. Como naquela conhecida história de “o rei vai nu”.
Por isso há questões que
se não debatem com a transparência e a profundidade com que deveriam ser
debatidas ou nem se debatem até, como o são, por exemplo, a Democracia e a Constituição.
Quanto á democracia, não
se trata de dizer, como Churchil, que é o pior dos regimes com excepção dos
demais conhecidos, porque já é preciso falar dos múltiplos defeitos que a falta
de actualização de alguns conceitos gera e que, de um modo cada vez mais notório as circunstâncias
sugerem ou quase exigem que sejam ajustados à noova realidade. Há muito que passou o tempo da razão da maioria porque
a maioria não tem, necessariamente, razão. Precisamos de novos conceitos que
liguem a “razão” à realidade, o que se deseja ao que se possa ter e o que se
projecte ao que seja possível de realizar, porque o tempo dos excessos sem consequências inevitáveis acabou.
Será uma outra democracia
informada e orientada por valores naturais, despida dos preconceitos políticos
e dos interesses que os ditam. Em suma, é necessário procurar a maioria da
razão!
A alternativa a não a actualizar não poderão deixar de ser os regimes musculados que, aos poucos, vão tomando o seu lugar, sob a mais variadas formas.
A alternativa a não a actualizar não poderão deixar de ser os regimes musculados que, aos poucos, vão tomando o seu lugar, sob a mais variadas formas.
Quanto à Constituição de
1976, uma lei com quase 40 anos que apenas sofreu ajustamentos que em nada a
actualizaram, não me parece que possam resistir à crua realidade da míngua que
vivemos, alguns dos princípios generosos que estabelece.
A Constituição será o que
quisermos que seja, disporá o que quisermos que disponha, mas a realidade não a
comandamos nós e, por isso, não consigo compreender os pruridos que defendem a
sua imutabilidade porque, mais cedo ou mais tarde terá de ser revista! A menos
que desejemos ter uma realidade que a Constituição não contempla e, por isso, a
iludimos constantemente, como me parece acontecer na decisão de ontem do
Tribunal Constitucional que teremos de respeitar mas não de lhe dar o nosso
acordo total.
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