Mário Soares é, sem
qualquer dúvida, um daqueles políticos que pararam no tempo e já não têm
condições para se dar conta do que, realmente, se passa à sua volta. É isto que
me fazem crer a maior parte das declarações que faz à comunicação social.
Não lhe retiro os méritos
que tenha tido no derrube de um regime que nos estrangulava a alma, mas também
não posso esquecer o modo como, tantas vezes, me deu a entender que não seria
com o seu modo de pensar e de fazer as coisas que este país teria um grande
futuro.
O mundo já não é aquele no
qual, em conluios esquerdistas, ele se sabia mover adoptando conceitos de
democracia que a realidade não mais pode aceitar.
Não foi capaz de
contribuir para a renovação de ideias que o tempo fatalmente torna obsoletas nem para que a democracia se renovasse e actualizasse como deveria ter acontecido
em vez de dezenas de anos de uma estagnação que tornou bafiento este lago onde
chafurdam interesses e vaidades que se preocupam mais consigo do que com o
país.
Em consequência disso, não gostaria eu de sentir o regresso de velhos poderes e de musculadas ideias que esta degradação pode reanimar.
Em consequência disso, não gostaria eu de sentir o regresso de velhos poderes e de musculadas ideias que esta degradação pode reanimar.
Diz um aforismo popular muito
antigo que “de velho se torna a menino”, o que a inusitada paixão de Soares pelo
Bloco de Esquerda confirma quando o deseja para parceiro do PS para derrubar o Governo.
Voltaram à mente do velho
socialista os ideais de outrora e o espírito revolucionário que nunca deixaram
de morar dentro de si, mas que as circunstâncias, de todo, não recomendam.
Não morro de amores por um
governo que poderia e deveria fazer bem melhor, mas menos me agradam os que o
combatem sem alternativas válidas e apenas o fazem para alcançar o poder.
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