ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 15 de abril de 2013

SINAIS EXTERIORES DE...



Acabo de ler que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, acaba de retirar do currículo um mestrado em Economia Empresarial, pela University College Cork (UCC), que nunca existiu naquela instituição e, naturalmente, lembrei-me de outras coisas, nomeadamente de licenciaturas polémicas como as que fazem de Sócrates um engenheiro e de Relvas um doutor!
E eu que pensava que o valor das pessoas estava em si mesmas e não nos títulos que pudessem ostentar ou nas jóias que usassem, quase me atrevo a dizer que, afinal, a “encadernação” dá muito jeito em qualquer lado, sobretudo quando nada melhor haja para exibir.
Estive por duas ou três vezes na China, onde os doutores não abundavam, e verifiquei que os relógios nos homens e as malas nas mulheres eram uma marca visível do seu estatuto social. Por isso, tendo eu a ideia de aproveitar os preços convidativos que ali eram praticados para comprar o meu relógio de sonho (!), fiquei preocupado com o que pudessem pensar de mim em consequência do que escolhesse pois, tanto pelo preço como pela sumptuosidade e brilho dos que a sociedade local distinguia como próprios de gente com prestígio, o que eu escolhesse só poderia classificar-me como um zé ninguém. Mas, mesmo assim, comprei o relógio que me agradou e ainda me agrada.
Mas quanto às qualificações académicas, das quais naturalmente me desfiz quando resolvi reformar-me, cinquenta anos depois de haver concluído a minha formação, continuo a pensar que nunca serão factor de prestígio para quem quer que seja se não forem dignificadas pelo esforço para as alcançar, pelo que com elas se fez e, bem assim, pelo modo como foram usadas para contribuir para o bem da Humanidade.
Quando era muito jovem, já ouvia falar nos “doutores da mula ruça”, aqueles a quem os bens materiais distinguiam e, por isso, só podiam ser doutores…

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