Acabo de ler que o
presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, acaba de retirar do currículo um
mestrado em Economia Empresarial, pela University College Cork (UCC), que nunca
existiu naquela instituição e, naturalmente, lembrei-me de outras coisas,
nomeadamente de licenciaturas polémicas como as que fazem de Sócrates um
engenheiro e de Relvas um doutor!
E eu que pensava que o valor
das pessoas estava em si mesmas e não nos títulos que pudessem ostentar ou nas jóias
que usassem, quase me atrevo a dizer que, afinal, a “encadernação” dá muito
jeito em qualquer lado, sobretudo quando nada melhor haja para exibir.
Estive por duas ou três
vezes na China, onde os doutores não abundavam, e verifiquei que os relógios
nos homens e as malas nas mulheres eram uma marca visível do seu estatuto
social. Por isso, tendo eu a ideia de aproveitar os preços convidativos que ali
eram praticados para comprar o meu relógio de sonho (!), fiquei preocupado com
o que pudessem pensar de mim em consequência do que escolhesse pois, tanto pelo
preço como pela sumptuosidade e brilho dos que a sociedade local distinguia
como próprios de gente com prestígio, o que eu escolhesse só poderia
classificar-me como um zé ninguém. Mas, mesmo assim, comprei o relógio que me
agradou e ainda me agrada.
Mas quanto às qualificações
académicas, das quais naturalmente me desfiz quando resolvi reformar-me, cinquenta
anos depois de haver concluído a minha formação, continuo a pensar que nunca
serão factor de prestígio para quem quer que seja se não forem dignificadas
pelo esforço para as alcançar, pelo que com elas se fez e, bem assim, pelo modo
como foram usadas para contribuir para o bem da Humanidade.
Quando era muito jovem, já
ouvia falar nos “doutores da mula ruça”, aqueles a quem os bens materiais distinguiam
e, por isso, só podiam ser doutores…
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