ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 28 de abril de 2013

OS ÁRBITROS NÃO SÃO ANJOS



Lembro-me do futebol sem televisão, visto pela comunicação social praticamente com os mesmos meios com que todos os espectadores o viam. Se o árbitro errou ou não errou, era coisa que cada um opinava conforme julgava ter visto ou as suas preferências clubistas lhe faziam crer que vira e não havia maneira de tirar a limpo quem estava ou não estava certo. Não havia, pois, razão para aprofundar discussões que nada podia, fora de dúvidas, esclarecer.
Mesmo arrastando, desde muito cedo, multidões, o futebol estava, então, longe de ser o que é hoje porque, ao longo do tempo, foi passando de um desporto cativante a uma “indústria” de milhões envolvida em paixões cada vez mais exacerbadas mas suportada por interesses que deram lugar a outras “indústrias” que, não raramente, pervertem a consciência desportiva que herdou das suas origens.
Também o modo de ver o futebol se alterou profundamente. Olhos muito especiais observam-no de todos os lados e ângulos perscrutando todos os pormenores, de modo como nenhum ser humano o consegue ver. A “verdade” passou a ser apenas uma, aquela que as imagens gravadas e as tecnologias de repetição permitem determinar quase sem falhas de rigor.
Hoje, no futebol, já não faz sentido dizer que “perder ou ganhar, tudo é desporto”, pois estão muito para lá das sensações que o desporto pode provocar, aquelas a que os proveitos ou os prejuízos resultantes dos resultados podem dar origem.
Jogadores e treinadores chegam a ganhar salários absurdos que elevam os encargos financeiros dos clubes a níveis que se não compadecem com faltas de rigor, para além de outras formas de movimentar muito dinheiro e os correspondentes interesses que não podem ser indiferentes a tanta coisa que acontece.
Por isso se procura a “verdade” ou se faz tudo para que a “mentira” a pareça e os árbitros, a quem o sistema confere uma autoridade absoluta de decisão em casos nos quais deixaram de ser os melhores julgadores, não podem deixar de ser tidos como a causa de falsidades quando as suas decisões não conferem com a “verdade” que as tecnologias permitem determinar.
Por isso não faz sentido que, a par de tantas mudanças que no futebol tiveram lugar, se mantenha a arcaica forma de arbitrar os jogos profissionais, sujeita a erros que a condição humana do árbitro sempre pode justificar, mesmo quando fica óbvio que as suas razões vão muito para além dessas “falhas”

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