Como todos os sonhos,
também o de Abril me me trouxe desencantos. Não nas razões nobres que o
ditaram mas nas ilusões que criou aos que pensaram que a liberdade seria, só
por si, penhor seguro de um futuro melhor.
Libertámo-nos da mordaça
que nos impedia de falar, livrámo-nos dos que, dissimuladamente, nos espiavam
os passos e tentavam adivinhar os nossos pensamentos. Deixámos de ser
marionetas dos que, por nós, tudo decidiam.
Por isso esperámos que
estivessem criadas as condições para que os grandes pensadores se revelassem,
os grandes políticos surgissem para nos governar e Portugal fosse aquele país de sonho onde, felizes, viveríamos para sempre.
Depois das grandes festas
que nos fizeram sentir iguais aos nossos maiores que conquistaram meio mundo,
fomo-nos confrontando com a realidade que exigia de nós mais do que festas, mais
do que cantigas de intervenção e palavras de ordem. Mas disso não fomos capazes
porque, ao contrário do que esperávamos, a graça da liberdade não nos inspirou.
A par de maravilhosos sonhos colectivos, também despertaram enormes ambições particulares, surgiram oportunidades de que uma nova classe se foi aproveitando. Aperfeiçoou-se a arte de enriquecer empobrecendo o país, o que, até hoje, a Justiça não soube conter.
A par de maravilhosos sonhos colectivos, também despertaram enormes ambições particulares, surgiram oportunidades de que uma nova classe se foi aproveitando. Aperfeiçoou-se a arte de enriquecer empobrecendo o país, o que, até hoje, a Justiça não soube conter.
E todo esse processo eu
vivi, sentindo que havíamos esperado demais de uma mudança que deveria ter-se
feito mais com inteligência e rigor do que com paixão e ansiedade, desperdiçando a
grande oportunidade de construir um grande futuro.
Depressa o tesouro
acumulado que sustentou os grandes avanços e conquistas da revolução ficou
esgotado e uma primeira vez Portugal teve de recorrer à ajuda externa para
evitar a bancarrota. Outra aconteceu antes desta em que, agora, em grande
austeridade nos encontramos.
Trinta e nove anos se
passaram em desvairos que transformaram a alegria de sermos livres na tristeza
de sermos pobres porque tivemos a insensatez de nos julgarmos ricos!
Por tudo isto e apesar da
liberdade que por nada trocaria, não me apetece festejar este aniversário que
me faz lembrar as oportunidades perdidas, os oportunismos bem sucedidos, as
vigarices perdoadas, os erros cometidos e as incompetências praticadas.
Talvez já não tenha tempo
bastante para sentir que valeu a pena não me ter deixado seduzir por um regime
que me ofereceu oportunidades que troquei pela esperança de uma liberdade que
eu julgava só poder ser sã e não a coutada de tantos oportunistas e
incompetentes.
Mas, um dia, talvez a liberdade
seja assim como a sonhei e os meus filhos e os meus netos possam, alguma vez, ser felizes
por mim.
Sr Engenheiro cá para mim o 25 de Abril foi para encher os bolsos daqueles que o fizeram, não é em vão que o fundo do Ultramar desapareceu e no dia 26 o dia 25 já estava ultrapassado.
ResponderEliminarNós todos temos é que ir à missa no dia 1 de Maio
7º dia do 25 de Abril.Não digo mais nada beijinhos para todos