ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

O SONHO DE ABRIL


Como todos os sonhos, também o de Abril me me trouxe desencantos. Não nas razões nobres que o ditaram mas nas ilusões que criou aos que pensaram que a liberdade seria, só por si, penhor seguro de um futuro melhor.
Libertámo-nos da mordaça que nos impedia de falar, livrámo-nos dos que, dissimuladamente, nos espiavam os passos e tentavam adivinhar os nossos pensamentos. Deixámos de ser marionetas dos que, por nós, tudo decidiam.
Por isso esperámos que estivessem criadas as condições para que os grandes pensadores se revelassem, os grandes políticos surgissem para nos governar e Portugal fosse aquele país de sonho onde, felizes, viveríamos para sempre.
Depois das grandes festas que nos fizeram sentir iguais aos nossos maiores que conquistaram meio mundo, fomo-nos confrontando com a realidade que exigia de nós mais do que festas, mais do que cantigas de intervenção e palavras de ordem. Mas disso não fomos capazes porque, ao contrário do que esperávamos, a graça da liberdade não nos inspirou.  
A par de maravilhosos sonhos colectivos, também despertaram enormes ambições particulares, surgiram oportunidades de que uma nova classe se foi aproveitando. Aperfeiçoou-se a arte de enriquecer empobrecendo o país, o que, até hoje, a Justiça não soube conter.
E todo esse processo eu vivi, sentindo que havíamos esperado demais de uma mudança que deveria ter-se feito mais com inteligência e rigor do que com paixão e ansiedade, desperdiçando a grande oportunidade de construir um grande futuro.
Depressa o tesouro acumulado que sustentou os grandes avanços e conquistas da revolução ficou esgotado e uma primeira vez Portugal teve de recorrer à ajuda externa para evitar a bancarrota. Outra aconteceu antes desta em que, agora, em grande austeridade nos encontramos.
Trinta e nove anos se passaram em desvairos que transformaram a alegria de sermos livres na tristeza de sermos pobres porque tivemos a insensatez de nos julgarmos ricos!
Por tudo isto e apesar da liberdade que por nada trocaria, não me apetece festejar este aniversário que me faz lembrar as oportunidades perdidas, os oportunismos bem sucedidos, as vigarices perdoadas, os erros cometidos e as incompetências praticadas.
Talvez já não tenha tempo bastante para sentir que valeu a pena não me ter deixado seduzir por um regime que me ofereceu oportunidades que troquei pela esperança de uma liberdade que eu julgava só poder ser sã e não a coutada de tantos oportunistas e incompetentes.
Mas, um dia, talvez a liberdade seja assim como a sonhei e os meus filhos e os meus netos possam, alguma vez, ser felizes por mim.

1 comentário:

  1. Sr Engenheiro cá para mim o 25 de Abril foi para encher os bolsos daqueles que o fizeram, não é em vão que o fundo do Ultramar desapareceu e no dia 26 o dia 25 já estava ultrapassado.
    Nós todos temos é que ir à missa no dia 1 de Maio
    7º dia do 25 de Abril.Não digo mais nada beijinhos para todos

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