Os
discursos políticos são isto mesmo, um chorrilho de disparates
disfarçados em frases sonantes, cujo sentido os que as dizem pouco
pensam.
Decerto
mais cuidadosos com o ângulo de visão que os favoreça, mais
preocupados com os gestos apropriados às sensações que pretendam
despertar, mais atentos às inflexões de voz que façam vibrar os
ouvintes do que ao que lhes estão a dizer, tal como os seus
conselheiros de imagem lhes recomendam, descuram o conteúdo da
mensagem onde as palavras e as ideias perdem protagonismo para o
cenário montado.
Não
é nada que todos não saibamos já, pois tanta gente se encantou com
a voz maravilhosa do Frank Sinatra, mesmo sem fazer ideia do que
estivesse a cantar!
Para
o provar bastarão duas frases do discurso de Seguro.
Começando
por afirmar que “a alternância é a essência da Democracia”,
diz depois que “numa
altura em que alguns parecem descobrir as virtudes do consenso, quero
reafirmar que a alternativa é tão valiosa quanto o consenso.”
Eu
traduzirei estas ideias, gasta uma e falha de inteligência a outra,
dizendo que o mesmo que antes disse, que o faz e desfaz da
alternância democrática deixou de ser a maneira certa de fazer
quando os recursos escasseiam. Está, pois, Seguro nos antípodas da
sensatez com a alternância que as circunstâncias actuais
desaconselham, tal como reforça a tacanhez do seu pensamento quando
desvaloriza o consenso que, também, as circunstâncias não
dispensam.
Quando
o tempo não abunda para evitar os perigos que não esperam para nos
atacar, fará algum sentido recusar a cooperação de que podem
resultar consensos, preferindo a crise que a alternância nesta
condições causaria sem que tudo o que depois aconteça evite a
necessidade de consensos que as circunstâncias em que vivemos jamais
dispensarão?
O
discurso de cavaco foi, não restam dúvidas, o momento esperado para
desencadear esta ofensiva ridícula já minuciosamente preparada e
que é mais uma prova do não entendimento do que se passa e de como
se ultrapassa. Um cenário já preparado ao pormenor, apenas esperava
uma desculpa para ser mostrado. E aconteceu o espectáculo que não
parece ter convencido ninguém! A menos os tolos...
E
não haverá por aí quem acuda a este país onde até já o BE se
diz preparado para ser governo?
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