ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

JUSTIÇA OPORTUNA



O hábito de ser contrário à mudança leva, muitas vezes, a contradições deveras curiosas como aquela de que me dei conta hoje a propósito do início do julgamento de um caso de homicídio, duas semanas apenas após o cometimento do crime. Coisa estranha entre nós onde a morosidade da Justiça é por demais reconhecida e criticada.
No Fundão, um homem matou a mulher à paulada, um acto flagrante que foi imediatamente reconhecido.
A rapidez do julgamento deste crime dever-se-á às alterações introduzidas no Código do Processo Penal que, conforme declarações da Ministra da Justiça, por diversas vezes feitas, pretendem tornar mais céleres os procedimentos, evitando atrasos inúteis que, não raramente, prolongam os processos por tempo que pode chegar a diversos anos.
Dos dois convidados do programa televisivo em que este caso foi falado, um mostrou-se satisfeito com uma mudança que agiliza a nossa tão lenta Justiça, o que, será de esperar, a maioria de nós aprove sem reticências. Quanto ao outro, achou perigosa esta mudança de ritmo que, diz ele, se pode prestar ao desrespeito pelos direitos do arguido cuja confissão inicial, ao contrário do que antes estava legislado, passará a ser considerada nas provas de acusação.
Quando se coloca tanta preocupação nos direitos dos presumíveis criminosos que, em casos como este, de presunção pouco têm, ignoram-se, de todo, os direitos da vítima que, também como neste caso de morte, não haverá tempo que os defenda.
Obviamente, a intervenção dos advogados é, agora, menos prolongada e, por ser assim, menos onerosa. Quem sabe se, por isso, ainda há quem defenda uma morosidade que, muitas vezes, tira sentido à decisão que seja tomada, de condenação ou de absolvição, anos depois da causa que a motivou.

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