As
teorias são isto mesmo, apenas teorias que, como leves penas, vogam
ao sabor da realidade com que, a cada instante, se confrontam. Vão-se
adaptando, ajustando e corrigindo e, não raras vezes, afastam-se
tanto da realidade que era sua intenção explicar que acabam perdidas
no enorme caixote do lixo da evolução do conhecimento.
Eu
já tinha dado o caso por encerrado mas vejo que continua na ordem do
dia a “fórmula” que definia a austeridade como o caminho certo
para a recuperação das finanças dos países sobreendividados. O
que uns proclamavam como uma certeza que inspirou tanta gente a impor
dolorosos procedimentos, outros acabam a dizer não ser bem assim.
Não há qualquer novidade nisto que acontece todos os dias, sem que
disso nos apercebamos.
Mas
como, neste caso, os efeitos são imediatos e podem traduzir-se no
dia a dia de todos nós, sucedem-se as notícias do “clamoroso”
erro e os aproveitamentos que delas fazem aqueles a cujos interesses
políticos mais convêm.
Uma
fórmula cuja eficácia nada garante, substituirá outra, até que,
um dia, alguém descubra que ela própria está errada também.
Há
quem lhe chame a “fórmula de excel” (!) que está errada e,
concluem, tinham razão os que sempre clamaram contra a austeridade a
que uns chamam roubo e outros pacto de agressão.
A
verdade é que, apesar de tanto que já li, ainda não sei qual o
erro que foi encontrado na fórmula que, em boa verdade, nem sequer
conheço. Nem preciso de conhecer porque me basta saber que não
haverá recuperação sem reduções nos gastos, necessariamente
tanto maiores quanto maior a dívida for.
É
natural que, a partir de certo ponto, a redução afecte o consumo de
bens essenciais e, por isso, se designe “austeridade”.
É
neste ponto que a questão exige maior rigor nas medidas que se tomem
para que, como o povo recomenda, se não morra da cura!
Pode
a análise do que suceda num conjunto de países indicar algumas
pistas para o que em outros possa suceder, mas quando são seres
humanos os agentes da acção, nunca passarão disso mesmo, de
hipóteses que necessitam de uma cuidada verificação, sem a qual
podem levar a procedimentos deploráveis.
Que
as receitas “troikescas” já provaram a sua bestialidade, todos
já o entendemos, mas ninguém, ainda, apontou medidas práticas que,
de um modo seguro, nos aliviem as dores da austeridade que sofremos. Dão-lhes nomes, falam de intenções, mas não mais do que isso!
E
não passamos deste esbracejar no lago profundo para onde nos
atirámos sem saber nadar, até que o cansaço nos deixe afundar de vez.
Francamente,
sejam as fórmulas quais forem, não vejo como sair disto sem
recomeçar com novas ideias.
Por isso, não
me alivia nem me tranquiliza o que digam os do costume, sejam economistas, financeiros ou políticos, os que uma vez e
outra disseram e desdisseram, prescreveram receitas e as alteraram sem, sequer,
um pouco nos aliviar.
Não
vai a “crise” longa bastante para reconhecerem que
dela não percebem nada e precisam de rever toda a teoria?
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