Duas razões concretas, a
de ter desenvolvido uma boa parte da actividade profissional na área da investigação
e a de não ter já muito cabelo, mesmo sem ser careca, tornaram esta notícia
particularmente interessante para mim: “Os homens calvos têm mais probabilidades de
sofrer de doenças coronárias, segundo um estudo que cruzou dados de 37 mil
pessoas”.
Eu sei que muitos avanços
da medicina se têm iniciado por esta via de investigação estatística, mas uma
possível relação entre a quantidade de cabelo e os riscos de doença coronária
não é notícia que se dê de qualquer maneira. Por isso me dei ao cuidado de ler
o texto que, quanto a mim e apesar de cientificamente simplório, revela que o
que se realça não corresponde a uma conclusão aceitável, porque não passa de um
pretexto para uma investigação na qual ainda muito há para esclarecer.
Em primeiro lugar, não são
seguras as conclusões de uma análise estatística sobre uma amostra que, por
certo e por mais gente que envolva, não pode ser considerada representativa da
população mundial ou continental sequer, e carece, ainda, de esclarecimentos
que só a consideração de outros múltiplos factores pode trazer.
E é, por certo, isso que
na investigação desta possível “relação”, entre a calvície e as doenças
coronárias, a medicina estará a fazer, através do que poderá ser ou não
confirmada.
Não me parece, por isso,
que a comunicação social deva dar estas notícias que poderão, sem necessidade,
preocupar milhões de pessoas.
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